quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Natal da pesada


E hoje o bardo se lembra de uma dar uma dica importante numa ligeiríssima postagem, tão ligeira que nem tive paz suficiente para editar essa imagem meio recortada no canto direito inferior...

“Mas perapara, ali é o Marco Hietala de Noel ou estou vendo coisas?”

Sim! É ele mesmo! O viking do metal, Marco Hietala (Tarot, Nightwish). Ah, você não o conhece? Sem problemas, aqui vai um projeto musical que serve de ótimo cartão postal, não somente para o Hietala, mas também para outra meia dúzia de metaleiros da Finlândia, além de ser uma dica sonora propicia ao mês.

Trata-se da banda projeto Raskasta Joulu que, se bem me lembro de uma tradução no site do Whiplash, é algo como “Natal Pesado”. Por quê? Ora, porque os caras piraram num clima natalino, resolvendo fazer covers de clássicos, só que com aquele encontrão básico de baixo, bateria, riffs e solos de guitarra ─ ou seja, metal, o bom metal, só que convertido ao natal.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O Inimigo de Deus

Um dos mais importantes autores britânicos da atualidade, Cornwell já foi traduzido para mais de dezesseis línguas e suas novelas alcançaram rapidamente o topo das listas dos mais vendidos: foram milhões de exemplares em todo mundo. A chave de seu sucesso está na criteriosa pesquisa histórica e na narrativa envolvente com a qual Cornwell disseca a vida de seus personagens.

A partir de novos fatos e descobertas arqueológicas, Bernard Cornwell retrata em O Inimigo de Deus o maior de todos os heróis britânicos como um poderoso guerreiro que luta contra os saxões para manter unida a Britânia, no século V, no rastro da saída dos romanos. Após vencer inimigos externos e internos, defendendo o trono que deverá ser ocupado por seu sobrinho Mordred, legítimo sucessor de Uther, é a hora de Artur se preocupar em unificar o reino. Mas os conflitos religiosos entre druidas e cristãos parecem mais ameaçadores do que hordas de saxões sequiosos por terras e colheitas. Em contraponto com a sensatez de Artur, surge um Merlin capaz de tudo para resgatar a velha magia da Britânia e reunificar a ilha com seus antigos deuses. Mas Artur só acredita na lei e em juramentos, tornando-se rapidamente o inimigo de todos os fanáticos religiosos.

O Inimigo de Deus dá seguimento ao sucesso de O Rei do Inverno, levando aos leitores a vida de Artur e seu mundo com uma nitidez espantosa jamais conseguida em narrativas anteriores.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

"Essa droga de viagem no tempo frita o seu cérebro como ovo"


A publicidade nada humilde dizia: “O melhor filme de ação do ano”, ou algo bem parecido com isso. Eu via o raio desse letreiro todo santo dia, estampado num outdoor de uma estação do metrô de São Paulo. Nessa, pensei: “tenho de ver esse tal de Looper, até porque, sou grande fã do Willis e, mais recentemente (graças ao Batman e A Origem), do Gordon-Levitt.

Sou um leitor quase fiel do jornal Folha de S. Paulo e sempre estou de olho nas críticas recentes que alguns analistas fazem das novidades da sétima arte. Então, todo precavido, antes de pensar em ir ao cinema, lá estava eu vendo primeiro o que a crítica achava de tal filme. Influenciado, acabei sem ir ver uma sequencia de produções agendadas na minha nota mental: O Vingador do Futuro, Os Mercenários 2, O Legado Bourne ─ todos bem destrinchados e tachados como filmes abaixo da média; logo, fiquei desanimado e não fui ver nenhum deles.

Daí estreou Looper ─ Assassinos do Futuro. E ─ advinha só! ─ as criticas falaram bem do filme! Pela primeira vez em muito tempo eu lia um texto falando que sim, Looper era um bom filme. Ainda que não fosse incrivelmente brilhante, era um bom filme. E se a tão confiável e influenciável crítica da Folha me dizia isso, então eu só tinha um pensamento rondando minha nota mental.

“Tenho de ver esse tal de Looper”.

E vi. Demorei, mas vi.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O Rei do Inverno

A trilogia As Crônicas de Artur do escritor inglês Bernard Cornwell conta a história do lendário guerreiro Artur, que passou para a história com o título de rei, embora nunca tenha usado uma coroa. Numa Britânia habitada por cristãos e druidas, dividida entre diferentes senhores feudais e seus respectivos interesses e ameaçada pela invasão dos saxões, Artur emerge como um poderoso e corajoso guerreiro capaz de inspirar lealdade e unir o país. Uma personalidade complexa, impelida por honra, dever e paixão. A trilogia inicia com O Rei do Inverno, continua em O Inimigo de Deus e finaliza com Excalibur.

O Rei do Inverno conta a mais fiel história de Artur narrada até hoje. A partir de novos fatos e descobertas arqueológicas, este romance retrata o maior de todos heróis como um poderoso guerreiro que luta contra os saxões para manter unida a Britânia, no século V, após a saida dos romanos. Um general que, durante sua vida, jamais reinou. Foi coroado só muitos anos após sua morte, depois que sua história foi contada e reinventada por menestréis e escritores ao longo dos últimos 15 séculos.

Neste livro de Cornwell, o leitor irá descobrir um novo Artur e muitos detalhes absolutamente novos sobre sua época e os personagens mais marcantes em sua vida, como Merlin, Guinevere, Lancelot e Morgana. Um clássico moderno inspirado em uma das maiores histórias já escritas.

domingo, 9 de dezembro de 2012

M&M & Game Of Thrones: Osha

Osha
Nível 2

HABILIDADES [14p]
Força: 12 (+1); Destreza: 14 (+2); Constituição: 12 (+1); Inteligência: 12 (+1); Sabedoria: 14 (+2); Carisma: 10 (+0).

SALVAMENTOS [7p]
Resistência: 1; Fortitude: 5; Reflexos: 4; Vontade: 3.

COMBATE [10p]
Iniciativa: 2; Defesa: 13; Esquiva: 1; Recuo: 0; Bloqueio: 2; Ataque: 2; Dano: Desarmada 1 [16].

PERÍCIAS [36 Graduações, 9p]
Cavalgar 3 (+5); Conhecimentos: Teologia e filosofia 3 (+4); Desarmar Dispositivo 3 (+4); Escalar 4 (+5); Furtividade 2 (+4); Lidar com Animais 5 (+5); Nadar 3 (+4); Notar 3 (+5); Procurar 3 (+4); Sobrevivência 7 (+9).

FEITOS [1p]
Rastrear.

Habilidades 14 + Salvamentos 7 + Combate 10 + Perícias 9 (36 graduações) + Feitos 1 = 41 pontos.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Herdeiros de Atlântida


Eduardo Spohr viu que dava pra fazer mais coisa com o universo criado em seu primeiro livro, A Batalha do Apocalipse. Resolveu que ia explorar mais detalhadamente a história da humanidade com os anjos como protagonistas, vivendo suas próprias tramas. E nasceu Filhos do Éden, uma saga iniciada com Herdeiros da Atlântida e que promete mais um punhado de livros para o futuro.

E aqui deixo o meu rápido comentário sobre esse Herdeiros de Atlântida.

A primeira coisa que se percebe, vindo da leitura d’A Batalha do Apocalipse, é que o texto do Spohr melhorou toneladas. Ele consegue uma narração mais objetiva sem perder suas descrições de fácil entendimento que permite, por exemplo, uma criança ler e compreender perfeitamente. A estrutura, a forma como ele conduz a estória, também evoluiu. Pois aqui ele trata somente de uma jornada (ao contrário d’A Batalha que compila uma pancada de eventos), fato que facilita o trabalho de acompanhar a coisa toda, sem se perder nos acontecimentos, sem esquecer alcunhas e nomes.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Folk metal: há bandas regulares, boas, ótimas e o Mägo de Oz

Pois sim: em minha opinião limitada, não há melhor grupo de folk metal do que os espanhóis do Mägo de Oz!

Muito recentemente, lançaram Hechizos, Pócimas y Brujería, 12º álbum de estúdio deles. E novamente, usaram forte mágica para beirar a perfeição em 16 faixas de aura inspiradora ─ o mais perfeito folk, que preenche o espaço com aquela alegria de festa. É um trabalho estupendo, a prova real da incrível característica da banda: se superar. Pois lançamento após lançamento e eles só olham pra cima, só crescem em qualidade, jamais erram.

Vamos ao novo disco. As letras seguem aquela linha subliminar, de druida, falando de florestas e espíritos e pregando o paganismo em muitas ocasiões. Há também aquelas composições mais melosas, que falam de amor, amizade, luto. Ou ainda as mais descontraídas; as que falam de bebidas ou hinos de clãs e povos. Tudo numa pegada épica, que consegue trazer a imaginação um salão de comemorações da Idade Média, com seus bardos em ritmo frenético, todos bebendo e dançando e cantando em coro.

sábado, 1 de dezembro de 2012

É com S ou Ç?

Nunca fui muito fã de português. Tudo que lembro é o meu antigo professor dizendo “conjugue o verbo correr”. Eu escrevia qualquer coisa no caderno, totalmente despreocupado, pois iria passar de ano conjugando ou não aquele tal verbo. Depois quase sempre rasgava a folha e fazia uma bolinha de papel ─ munição básica para entrar nas guerras que fazíamos. Quando alguém começava ─ acertando um zé mané desprevenido ─, eu já estava pronto, prestes à massacrar aqueles estudantes exemplares que sentavam na frente e gostavam de apagar a lousa para o professor. Ah como eu odiava eles, eram meus alvos preferidos. Alguns falavam “para ô!” ou tentavam ignorar ou faziam cara de choro, mas no fim todos participavam, amassando papel e fazendo da sala de aula uma zona militar.

Daí o professor ficava puto e a aula danava.

Nessa, nunca levei muito à sério aquela disciplina.

E agora eu sinto muito por isso: Pois, olhando para o meu texto, não sei se essa palavra é com S ou Ç.

Enquanto eu tentava escolher uma palavra melhor ─ uma que eu saberia escrever ─, Três-Dedos chegou do meu lado.

─ Terminou de ler já? ─ Ele perguntou.

─ Terminei ontem. ─ menti.

Pois Crime e Castigo é um livro muito chato. Não tem um desenho se quer! Não consegui ler ele inteiro, mal passei da metade. E além do mais, deram somente 30 dias para terminar com o livro. Nunca conseguiria! Mas podia fingir que sim, que tinha encerrado a leitura.

─ E já está fazendo isso ─ ele apontou para o texto que eu escrevia.

─ É. ─ eu não estava muito de conversa. Queria sossego. Queria escrever o raio da resenha em sossego.

Três-Dedos ia indo embora, mas quem sabe ele poderia me ajudar. Chamei:

─ Ei, veja aqui ─ mostrei a folha pra ele, pus o dedo na palavra ─ é com S ou Ç?

Ele leu. Leu de novo. Enrugou a cara, como se usar o cérebro fosse doloroso demais. E finalmente:

─ É com X.

─ Ah.

Que vergonha. Aquele cara me corrigiu com tanta autoridade que eu senti vergonha. Logo ele, um idiota que se automutilou numa máquina de cortar frios, perdendo dois dedos, quando trabalhava num açougue miserável.

─ Valeu. ─ eu disse, engolindo o orgulho. Apesar de tudo, não sou mal agradecido.

Ele se mandou. Foi olhar, pela janela, o dia de sol que fazia lá fora.

Continuei a resenha, corrigindo a palavra da forma certa, graças ao Três-Dedos.

Só que não.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

M&M & Game Of Thrones: Rickon

Rickon Stark
Nível 1

HABILIDADES [-10p]
Força: 6 (-2); Destreza: 10 (+0); Constituição: 8 (-1); Inteligência: 10 (+0); Sabedoria: 8 (-1); Carisma: 8 (-1).

SALVAMENTOS [2p]
Resistência: -1; Fortitude: 0; Reflexos: 0; Vontade: 0.

COMBATE [0p]
Iniciativa: 0; Defesa: 10; Esquiva: 0; Recuo: 0; Bloqueio: 0; Ataque: 0; Dano: Desarmado -2 [13].

PERÍCIAS [8 Graduações, 2p]
Cavalgar 1 (+1); Lidar com Animais 3 (+2). 

FEITOS [9p]
Beneficios (Status); Parceiro 8 (Lobo Gigante ─ Cão Felpudo 40p)

Habilidades -10 + Salvamentos 2 + Combate 0 + Perícias 2 (8 graduações) + Feitos 9 = 3 pontos.


Cão Felpudo
Habilidades: Força: 14, Destreza: 14, Constituição: 14, Inteligência: 6, Sabedoria: 10, Carisma: 6;
Salvamentos: Resistência: 3, Fortitude: 4, Reflexos: 4, Vontade: 1;
Combate: Iniciativa: 6, Defesa: 14, Esquiva: 2, Ataque: 4, Dano: Mordida/Garras 2 [17];
Perícias: Furtividade: 4, Notar: 4, Sobrevivência: 2;
Feitos: Assustar, Critico Aprimorado (Mordida/Garras), Derrubar Aprimorado, Fúria 2, Iniciativa Aprimorada 1, Presença Aterradora 2, Tolerância;
'Poderes': Imunidade (Frio); Super Sentidos 2 (Faro, Rastrear, Visão na Penumbra).

sábado, 24 de novembro de 2012

M&M & Game Of Thrones: Hodor

Hodor
Nível 3

HABILIDADES [8p]
Força: 20 (+5); Destreza: 10 (+0); Constituição: 18 (+4); Inteligência: 6 (-2); Sabedoria: 8 (-1); Carisma: 6 (-2).

SALVAMENTOS [6p]
Resistência: 6; Fortitude: 8; Reflexos: 0; Vontade: -1.

COMBATE [2p]
Iniciativa: 0; Defesa: 9*; Esquiva: 0; Recuo: 3; Bloqueio: 0; Ataque: 0*; Dano: Desarmado 5 [20].
*incluído bônus/penalidade por Tamanho.

PERÍCIAS [8 Graduações, 2p]
Cavalgar 1 (+1); Lidar com Animais 7 (+5). 

FEITOS [1p]
Tolerância.

Tamanho [12p]
Grande (Ataque/Defesa -1, Agarrar +4, Furtividade -4, Intimidar +2, Carga: Força +5)

Habilidades 8 + Salvamentos 6 + Combate 2 + Perícias 2 (8 graduações) + Feitos 1 + Tamanho 12 = 31 pontos.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A Batalha do Apocalipse


Como li numa resenha ─ há muito tempo ─ para os adeptos de Dragon Ball Z e Cavaleiros do Zodíaco, temos aqui um cardápio nostálgico: armas com capacidades especiais, armaduras reluzentes, fortes ondas sonoras graças aos impactos corporais dos combates, fulano sendo atirado à dezenas de metros após receber um golpe bem dado, altas explosões, expansão de energia para superar capacidades físicas, dentre outros elementos que devem prender a atenção de um público pirado em batalhas de animes.

O autor Eduardo Spohr foi ousado ao criar ficção em cima do apocalipse bíblico. Não aprofunda muito nos textos sagrados (deixando de aproveitar bons episódios vistos na Bíblia), pegando mais o conceito quadrado de “fim do mundo”, o que já é bem suficiente à muitos. Não somente: ele aproveita para explorar toda história da humanidade, ainda que os humanos sejam meros coadjuvantes. Então temos a verdade por trás da criação, do diluvio, do nascimento de Jesus. Tudo girando em torno dos verdadeiros protagonistas: os anjos.

domingo, 4 de novembro de 2012

Realidades Adaptadas

Cinema e literatura sempre andaram de mãos dadas. E quando o assunto é ficção científica, nenhum autor contemporâneo foi mais roteirizado do que Philip K. Dick, nem mesmo mestres do gênero, como Isaac Asimov e Arthur C. Clarke.

Pouco conhecido no Brasil por sua obra literária, Dick é um sucesso entre as plateias de cinema, que vai muito além de Blade Runner – O Caçador de Androides, ícone cult dos anos 1980 inspirado em um de seus romances.

A fim de prestar o devido reconhecimento a esse extraordinário autor, "Realidades Adaptadas" reúne, em uma edição inédita no mundo, os contos de Philip K. Dick que foram adaptados para a sétima arte, levando ao grande público os textos originais que inspiraram roteiristas e diretores a fazer seus filmes.

A sinopse acima disse tudo: A fim de prestar o devido reconhecimento a esse extraordinário autor. Pois Realidades Adaptadas foi a sacada perfeita da editora Aleph na missão de tornar Philip K. Dick conhecido por essas terras. O status de "desconhecido", se depender deste livro, deve mudar.

Realidades apresenta 7 contos do autor. Obras que foram adaptados para o cinema. São eles (e seus filmes):

  • Lembramos para você a preço de atacado (O Vingador do Futuro);
  • Segunda variedade (Screamers ─ Assassinos Cibernéticos);
  • Impostor (Impostor);
  • O relatório minoritário (Minority Report ─ A Nova Lei);
  • O pagamento (O Pagamento);
  • O homem dourado (O Vidente);
  • Equipe de ajuste (Os Agentes do Destino).

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Kamelot: trocou o vocalista (?)


Depois de uma semana inativo, cá estou pra comentar brevemente algo muito aguardado por mim: Silverthorn, o novo disco da banda Kamelot.

Kamelot é, atualmente, uma das mais bem sucedidas bandas de metal melódico. Foi quando estourou o disco The Black Halo em 2005 que a banda atingiu o ápice. Roy Khan, vocalista, era o sujeito deus, dono de uma voz absurda, transitando de forma magistral entre o grave e o agudo, como bem diz sua página no Wikipédia.

Em 2007 a banda lança o Ghost Opera, que, graças à faixa titulo, “The Human Stain”, “Up Through The Ashes” e “EdenEcho”, é, na minha visão, o melhor disco do grupo. É aqui também que temos um Kamelot mestre em passagens sinfônicas, coisa que só tornou a banda mais monstruosa.

E em 2010 vem mais um disco galgando os mesmos níveis de seus antepassados. E pronto. Estava tudo bonito; mãos no sucesso, pés nas turnês mundiais... Até que, para luto geral, veio a noticia: Roy Khan, fora. O vocalista que só acumulava status positivos e elevava a banda ao topo das vendas acabava de dizer adeus ao metal, deixando o Kamelot órfão.

Mesmo assim a banda continuou com shows, fechando o buraco que Roy deixou com o apoio de Fabio Lione (Rhapsody Of Fire, Vision Divine). E também anunciaram que no segundo semestre de 2012 viria um novo álbum. Já tinham letras e passagens instrumentais gravadas, só restava um vocalista. Simples assim.

Daí, enfim, um nome: Tommy Karevik.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Hell On Wheels: 2ª temporada ─ "manda as crianças dormirem, pois o show vai ficar nervoso"


Ano passado, numa época distante, eu repudiei essa série. Assisti a 1ª temporada com sofreguidão, não me adaptando à forma que as coisas aconteciam na estória. Não curti. E poderia apostar alto que Hell On Wheels não seria renovada. E errei...

...de novo (tive a mesma crença a respeito de uma continuação para Falling Skies). Moral da prosa: às vezes, algo que parece ruim pode ser ruim só pra você, não para os outros...

... Pois nos EUA, a série ganhou boas críticas. Certamente, em razão do cenário: 1865; época pós-guerra civil; construções de ferrovias; guerra com índios.

Então: 2ª temporada confirmada, 10 episódios e, a mim, a esperança de um melhor entretenimento.

Tive sorte logo no primeiro episódio. Lá, a coisa já começa com um ar mais cruel, e temos sangue. Sangue! Coisa que não me lembro de ter visto na primeira temporada. Geralmente um cowboy atirava no outro e o alvejado rolava para chão, morto. Não se via o rombo da bala; nem a cor do sangue; o cara só morria. Ou, num certo episódio que teve pancadaria entre dois personagens, ninguém sangrou pela boca ou perdeu algum dente, ou quebrou o nariz. Nada. Apenas fadiga comum que um briga deixa. Sangue, nunca.

Nessa temporada, no entanto, o telespectador não deve se alimentar enquanto assiste. Por exemplo: no terceiro episódio rola um assassinato grotesco, e alguns porcos são alimentados com as tripas do morto. Uma cena animal. “Amém”, pensei, convertido, depois de ver esse episódio.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

M&M & Game Of Thrones: Jaqen


Jaqen H'ghar 
Nível 5 

HABILIDADES [24p] 
Força: 14 (+2); Destreza: 14 (+2); Constituição: 14 (+2); Inteligência: 14 (+2); Sabedoria: 14 (+2); Carisma: 14 (+2). 

SALVAMENTOS [16p] 
Resistência: 2; Fortitude: 6; Reflexos: 8; Vontade: 8. 

COMBATE [26p] 
Iniciativa: 2; Defesa: 18; Esquiva: 4; Recuo: 1; Bloqueio: 5; Ataque: 5; Dano: Desarmado 2 [17]. 

PERÍCIAS [92 Graduações, 23p] 
Acrobacia 4 (+6); Arte da Fuga 8 (+10); Blefar 4 (+6); Cavalgar 6 (+8); Concentração 3 (+5); Conhecimentos: Arcano 8 (+10); Cultura Popular 2 (+4), História 2 (+4), Teologia e filosofia 8 (+10); Escalar 4 (+6); Furtividade 8 (+10); Intuir Intenção 4 (+6); Investigar 3 (+5); Lidar com Animais 6 (+8); Nadar 4 (+6); Notar 5 (+7); Prestidigitação 4 (+6); Procurar 3 (+5); Sobrevivência 6 (+8). 

FEITOS [20p] 
Ação em Movimento; Alvo Esquivo; Ambidestria; Ataque Acurado; Ataque Atordoante; Ataque Defensivo; Ataque Furtivo 5; Atraente; De Pé; Esconder-se à Plena Vista; Evasão; Rastrear; Ritualista; Saque Rápido; Sem Medo; Tolerância. 

PODERES [14p] 
Controle de Sorte 3 [9p] 
Morfar 5: Qualquer forma humana. Falha: Limitado (só a face é transformada) [5p] 

Habilidades 24 + Salvamentos 16 + Combate 26 + Perícias 23 (92 graduações) + Feitos 20 + Poderes 14 = 123 pontos.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

M&M & Game Of Thrones: Melisandre


Melisandre
Nível 5

HABILIDADES [14p]
Força: 10 (+0); Destreza: 10 (+0); Constituição: 12 (+1); Inteligência: 14 (+2); Sabedoria: 14 (+2); Carisma: 14 (+2).

SALVAMENTOS [10p]
Resistência: 1; Fortitude: 3; Reflexos: 1; Vontade: 9.

COMBATE [0p]
Iniciativa: 0; Defesa: 10; Esquiva: 0; Recuo: 0; Bloqueio: 0; Ataque: 0; Dano: Desarmada 0 [15].

PERÍCIAS [76 Graduações, 19p]
Blefar 4 (+6); Cavalgar 2 (+2); Concentração 6 (+8); Conhecimentos: Arcano 10 (+12); Cultura Popular 4 (+6), História 4 (+6), Teologia e filosofia 10 (+12); Diplomacia 4 (+6); Intimidar 4 (+6); Intuir Intenção 5 (+7); Investigar 3 (+5); Notar 2 (+4); Obter Informação 5 (+7); Performance: Oratória 7 (+9); Procurar 3 (+5); Sobrevivência 3 (+5).

FEITOS [5p]
Atraente; Liderança; Ritualista; Sem Medo; Transe. 

PODERES [31p] 
Controle de Sorte 3 [9p] 
Imunidade 9: Suporte vital [9p] 
Invocar 3: Sombra humanóide; 45p. Feito: Elo Mental. Falhas: Ação completa; Limitado [4p] 
Super Sentidos: Poscognição, Precognição, Sentido do Perigo [9p] 

Habilidades 14 + Salvamentos 10 + Combate 0 + Perícias 19 (76 graduações) + Feitos 5 + Poderes 31 = 79 pontos.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A Dança dos Dragões


Mancada: demorei tanto pra postar um comentário sobre este livro, que acabei esquecendo boa parte das sensações absorvidas durante a leitura.

Advertência: possíveis curtos spoilers virão. Pois não dá. Não tem como comentar esse livro sem revelar alguma coisa. É mais forte do que eu. Até a sinopse passa rasteira em quem ainda esta nos primeiros livros. Até a capa... Enfim, aviso dado.

A Dança dos Dragões. 5º volume da série As Crônicas de Gelo e Fogo. Considerado o melhor livro até o momento (destronando o 3º, A Tormenta de Espadas). Para colegas que manjam do mangá One Piece, costumo dizer que o autor, George R. R. Martin, comeu um fruto do diabo antes de começar tudo com A Guerra dos Tronos. Agora, quando foi escrever A Dança, Martin deve ter engolido, no mínimo, uma árvore inteira!

sábado, 6 de outubro de 2012

Ruas Estranhas


O nome/logo George R. R. Martin, estampado na capa, é para emprestar um ar mais importante à imagem do produto, mas na verdade o autor d’As Crônicas de Gelo e Fogo nada fez além de editar o livro (junto com Gardner Dozois), organizando 16 contos, cada um de um autor específico. Autores que, juntos, tornam este livro no mínimo bom. 

Na lista: Charlaine Harris, Joe R. Lansdale, Simon R. Green, Steven Saylor, S.M. Stirling, Carrie Vaughn, Conn Iggulden, Laurie R. King, Glen Cook, Melinda M. Snodgrass, M.L.N. Hanover, Lisa Tuttle, Diana Gabaldon, John Maddox Roberts, Patricia Briggs e Bradley Denton. 

Alguns desses nomes são bem conhecidos, outros, nem tanto. O fator em comum entre eles é o status de autores best-sellers que já ocuparam a tão famosa lista do New York Times. E agora, mais um ponto em comum: todos juntos, escrevendo fantasia urbana.

domingo, 30 de setembro de 2012

Clube do Trono


Me deparei com esta imagem no face e imaginei como seriam as regras de um clube misto de Game Of Thrones com Clube da Luta. Lá vai: 

regra do clube do trono é: Você não fala sobre a mãe do seu bastardo.
regra do clube do trono é: Você não pede uma coroa para um Khal. 
regra do clube do trono é: Você não toca nas meninas do Craster.
regra do clube do trono é: Você não fala para onde as putas vão. 
regra do clube do trono é: Quando o deus da morte pergunta se o clube vai funcionar, você diz “hoje não”
regra do clube do trono é: F%#?-se o Rei. 
regra do clube do trono é: Hodor.

E se é sua primeira vez no clube do trono, você deve brandir a espada.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Maiden United: o amor à Donzela de Ferro


Maiden United é uma banda acústica, criada em 2009 pelo vocalista Damian Wilson (mais conhecido por seus trabalhos com a banda Threshold e os projetos Ayreon e Star One) com a exclusiva proposta de prestar tributo à Donzela de Ferro, vulgo Iron Maiden, ícone do metal.

Já respeitava o Wilson graças as suas colaborações com o Star One, mas rapidamente virei fã do cara ao ouvir Mind The Acoustic Pieces, álbum de estreia da banda. Até então nunca tinha ouvido covers do Iron executados em acústico, e como raramente um cover do Iron me decepciona, mergulhei confiante nesta banda. O resultado foi uma “Fligh Of Icarus” tão épica quanto a original, uma explosiva “The Trooper”, “Revelations”, “To Tame A Land”... Tudo modestamente incrível.

E agora, depois de muito esperar, o novo álbum: Across The Seventh Sea.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A Companhia Negra


Primeiro a capa, de uma arte estupidamente incrível, é capaz de roubar olhares curiosos. Depois a sinopse, ingrediente mortal para gerar o desejo, fecha com glória o exterior desta obra. Confira:

Durante tempos imemoriais, o Dominador e a Dama, o mais poderoso casal de feiticeiros já visto, governaram todo o mundo conhecido com mão de ferro. De maneira implacável, eles venceram todos os seus oponentes e corromperam a alma de seus dez piores inimigos, transformando-os nos Tomados, seres condenados a servi-los por toda a existência. Contudo, um grupo rebelde, liderado pela misteriosa Rosa Branca, conseguiu aprisionar os tiranos e seus seguidores em um sono profundo. 

Porém, séculos depois, a Dama e os Tomados finalmente foram despertados. Agora, eles estão decididos a recuperar todo o poder que lhes fora tirado. À medida que se dedicam ao processo de reconquista, o caminho de um deles, o Apanhador de Almas, cruza com o do grupo de mercenários conhecido como Companhia Negra. Por várias gerações, a Companhia serviu a diversos senhores, sempre honrando seus contratos e prosperando. 

Contudo, esses dias de glória ficaram no passado. Hoje, o grupo se resume a um pequeno contingente que trabalha para o governante de uma ilha isolada. Tudo o que restou foram histórias, preservadas com afinco por Chagas, o médico da Companhia, que registra todas as suas atividades. Dessa forma, quando o Apanhador oferece a eles a chance de se juntar ao exército da Dama contra os rebeldes, a proposta é aceita de imediato. 

O que era para ser uma gloriosa batalha pelo poder rapidamente se revela um pesadelo. Os Tomados são figuras repulsivas que lutam constantemente entre si, e a Companhia logo se vê enredada em intrigas, traição e manipulação. Em meio aos rumores cada vez mais fortes de que, em algum lugar, há uma criança que é a reencarnação da Rosa Branca, Chagas, os olhos e ouvidos do grupo, começa a questionar a própria participação nos eventos. Por mais forte que seja seu fascínio pela figura da Dama, ele não consegue deixar de pensar que, no fim das contas, a Companhia pode ter escolhido se aliar ao lado errado do conflito, e que as consequências dessa decisão podem ser terríveis.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Gregorian: hit’s famosos como você nunca escutou!


O que você esperaria ouvir de um disco com esta capa?”, perguntei para um amigo. “Algo épico”, ele respondeu. Vá lá, confira a capa no final do post para ter a mesma impressão que este meu amigo. O titulo do novo álbum, Epic Chants, reforça a ideia. E com tudo isso, o que eu menos esperava encontrar era músicas ou trilhas populares regravadas. Um disco de covers. E detalhe: cantado em coros gregorianos. Isso mesmo. Tipo coral de igreja.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Grupo Papel & Espada apresenta o RPG na teoria e na prática

Ótima noticia.

Conferindo o email de forma desdenhosa, dei de cara com um convite de divulgação:

"No dia 22 de setembro o grupo Papel & Espada apresentará uma p

alestra sobre RPG para iniciantes, apresentando o hobby, sua origem, história, principais jogos, as referências na literatura, no cinema e em outras mídias e como o RPG pode ser usado como ferramenta educacional.

Após a palestra o grupo Papel & Espada organizará mesas de RPG para que os participantes possam experimentar como o jogo funciona na prática, apresentando aos participantes o RPG Tagmar, primeiro RPG nacional.

A palestra acontecerá dia 22 de setembro de 2012, a partir das 11:00, na Biblioteca Chácara do Castelo na Rua Brás Lourenço 333 - Jardim da Glória - SP.

Maiores informações pelo e-mail: espadas.papel@hotmail.com"

A biblioteca em questão já tem o costume de propor atividades culturais bacanas, sendo uma ótima opção de entretenimento num sábado de manhã. A mim fica a curiosidade de ver a palestra e quem sabe rolar alguns dados com os iniciantes; faz mais de 1 mês que não jogo nada e não sei a quanto tempo que não ouço palestras sobre o hobby.

Não tem como não ir.

sábado, 15 de setembro de 2012

Breaking Bad: "I'am the danger!"


Na cena, Skyler demonstra sua preocupação com Walter. Diz que ele pode estar em perigo. Walter se vira, destemido, e frisa: “eu não estou em perigo, Skyler. Eu sou o perigo”.

Na véspera dessa cena, um importante sujeito do cartel foi assassinado com uma bala na cabeça ao atender quem batia na porta de sua casa. Diante dessa questão, Walter explica: “Eu sou aquele que bate na porta”.

Isso foi na 4ª temporada. E lá mesmo, o personagem matou sua humanidade, e escondeu o que restava de seu caráter embaixo do tapete. “Nada mais importa”, disse. Restava apenas a sobrevivência.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

M&M & Game Of Thrones: Davos


Davos 'Cavaleiro das Cebolas' Seaworth
Nível 6

HABILIDADES [20p]
Força: 14 (+2); Destreza: 14 (+2); Constituição: 14 (+2); Inteligência: 14 (+2); Sabedoria: 14 (+2); Carisma: 10 (+0).

SALVAMENTOS [13p]
Resistência: 2/6*; Fortitude: 7; Reflexos: 6; Vontade: 6.
*com Cota de malha.

COMBATE [22p]
Iniciativa: 2; Defesa: 16; Esquiva: 3; Recuo: 1/3*; Bloqueio: 5; Ataque: 5; Dano: Desarmado 2 [17]; Espada 5 [20].
*com Cota de malha.

PERÍCIAS [84 Graduações, 21p]
Arte da Fuga 3 (+5); Cavalgar 7 (+9); Conhecimentos: Cultura Popular 4 (+6), História 2 (+4), Manha 4 (+6), Negócios 4 (+6), Tática 3 (+5), Teologia e filosofia 2 (+4); Dirigir 8 (+10); Escalar 4 (+6); Lidar com Animais 5 (+5); Nadar 7 (+9); Notar 4 (+6); Obter Informação 6 (+6); Procurar 4 (+6); Sobrevivência 7 (+9).

FEITOS [28p]
Ataque Acurado; Ataque Poderoso; Bem Relacionado; Benfícios (Status); Capangas 7 (Tripulação de 50 homens, 30p cada); Equipamentos 14; Liderança; Rastrear; Trabalho em Equipe 1. 

Equipamentos: Espada (Dano +3); Cota de malha (Resistência +4).

Navio: Betha Negra (Tamanho: Incrìvel; Força 100, Velocidade 3, Defesa -2, Resistência 18).

Habilidades 20 + Salvamentos 13 + Combate 22 + Perícias 21 (84 graduações) + Feitos 28 = 104 pontos.

domingo, 9 de setembro de 2012

Sobrevivente

Sobrevivente, o segundo romance de Chuck Palahniuk ─ é uma comédia demente de pesadelos, um tapa na cara da sociedade ocidental. É a sátira no seu melhor, e Palahniuk cuida de tudo isso com um distinto estilo de prosa envolvente e enredo chocante que mantém o leitor como refém até o fim de suas páginas.

Pra mim, é gênio. Gênio doido. Ele, o autor, já mostrou o dom em seu primeiro livro (um tal de Clube da Luta) e esbanja um pouco mais da mesma inteligência insana neste aqui.

Às vezes parece que Palahniuk quer se alongar em algo; ele parece capaz de ironizar determinado assunto por horas e horas. Mas não o faz. Esperto, se preocupa mais em contar a história do que soltar suas opiniões socialistas. Mas, fazendo isso, Palahniuk causa um efeito contrário: o que mais pega o leitor, gruda na mente, fascina e tudo mais, são suas sátiras (mesmo sendo citações subliminares, curtas), no caso, sobre religião, fama, publicidade.

sábado, 1 de setembro de 2012

Sonata do bardo 2

13º dia do 7º mês, Luvitas. Ano 1400.


Eu fiquei com o broche do membro do Conselho de Fortuna, Larien tratou do corte na coxa, Rark conseguiu limpar as unhas, Grilo já dava indícios de um resfriado, a neve não parava de cair, ainda não tínhamos um nome e em um dia de cavalgada estaríamos em Luvian.

O plano era simples: ficaríamos naquela vila por uma volta de lua. Seria o suficiente para uma dúzia de boas apresentações.

E por falar em apresentações, estou devendo algumas palavras descritivas sobre mim e meus camaradas. Mas acho que isso não pode ser feito de uma vez. Decidi que posso apresentá-los bem devagar. Não tem porque apressar as coisas.

Voltando:

Rark cavalgava à frente. Era experiente com terrenos e conduzia seu corcel atento a qualquer sulco encoberto de neve capaz de quebrar uma pata do animal. E não podíamos perder outra montaria, o que nos restava ir com muita calma, seguindo as pisaduras que Rark marcava.

Eu vinha logo atrás, guiando o animal que fora de Grilo. O rapaz me cedera seu cavalo e eu aceitei com um rápido agradecimento, mas sabia que aquilo não era simples bondade. Pois logo depois Grilo se convidou a montar o mesmo cavalo que Larien.

Menino esperto.

Seguiam atrás de mim, fechando a fila.

Olhei sobre o ombro apenas pra ver se iam bem. E lá estava Larien segurando as rédeas e Grilo segurando Larien.

Menino esperto.

Exceto que não percebe que Larien nem percebe ele, e Larien não percebe que Grilo tem uma queda por ela.

Que confusão.

Se continuássemos naquela marcha alcançaríamos a vila na madrugada. Mas Rark decidiu dar férias temporárias aos cavalos e não correr riscos com a escuridão das estradas. Então, paramos. Foi um saco fazer uma fogueira ali, mas conseguimos. Comemos parte de nossas provisões, treinamos três músicas do nosso repertório e fomos dormir.

Rark ficou com o primeiro turno de vigia, enquanto ressonávamos e tremíamos de frio, cada um na sua palha meio húmida, todos cercando a fogueira. O segundo turno seria o meu, mas muito antes da hora eu me levantei e liberei Rark. Justifiquei:

─ Totalmente sem sono ─ disse pra ele, e assumi o posto.

Recostei numa árvore caída e fiquei pensando na vida, enquanto aguardava o amanhecer. Naquela noite a neve deixou de cair e somente os ventos ficaram. Um amontoado de nuvem foi soprado pra longe e o céu, naquele instante, estava limpo. Meus olhos automaticamente buscaram pela lua. Dali, não conseguia contempla-la direito, então me levantei e caminhei um pouco, deixando meus colegas pra trás. Encontrei uma grande pedra, subi nela e pronto, estava realizado: observei; grande, redonda, tão perto que era possível ver suas imperfeições.

E quando se tem um encontro com a lua, parece que nada mais importa. Apenas fiquei ali, não sei dizer quanto tempo, hipnotizado pela luz branca.

Até que ouvi um som. Talvez uma folha sendo pisada ou galho balançado. Não sei explicar, mas tinha certeza que não era o vento.

Rapidamente me virei na direção do som e joguei uma mão para trás, buscando uma flecha na aljava... Não. Não estava comigo! Deixei as armas junto do alaúde junto das provisões junto dos meus amigos.

─ Quem ─

─ Sou eu.

Era Grilo.

─ Quase te matei agora, hein ─ ele disse, sorrindo da minha cara de susto.

─ Se eu estivesse armado, haveria uma mutualidade entre nós. Mas no seu caso não seria só um susto ─ fingi que estava intrigado enquanto o encarava de cima da pedra ─ Sem sono?

─ É. Tive uma sequencia de sonhos perturbadores.

Grilo subiu na pedra e olhou pra lua. Era jovem, como já disse antes, talvez com 18 invernos, mas tinha quase a minha altura. Era difícil ver em seu rosto sereno o estranho passado que ele um dia disse ter vivido.

O que sei de Grilo é que o rapaz foi abandonado pela família quando tinha 4 anos. Ele mesmo não se lembra da mãe ou de qualquer outro parente, se lembra apenas que no começo tinha uma família e uma pequena residência em algum ponto do reino de Ahlen. Depois, se lembra de fazer uma viagem de carroça e em determinado momento seus responsáveis deram ordem para parar a viagem, foram buscar algo do lado de fora e não voltaram. Ele ficou só, e daí tirou a ideia de que foi abandonado. Mas Grilo foi um órfão por menos de uma volta do sol: no mesmo dia em que foi deixado um bando de mercenários passava por aquela estrada.

Pela graça de Nimb, os malfeitores o adotaram como mascote. Mais tarde esse mascote se mostrou promissor, rápido com as mãos e de ouvido apurado, deixando então de ser um mero criado, virando um aspirante a membro daquela guilda. Um dos mercenários era um assassino profissional. Grilo me contou certa vez que o cara se dizia altamente procurado em Tamu-ra; um homicida que merecia alta recompensa na Ilha do Dragão, tipo alguém que já matou muita gente importante. Daí ele começou a treinar Grilo nas artes de um eliminador de vidas. O menino aceitou o treino de bom grado, ficando muito intimo de facas de arremesso. Mas, certo dia, o grupo de mercenários foi surpreendido por outro grupo de mercenários. Grilo conseguiu escapar com o assassino tamuraniano, e não souberam se mais alguém do bando sobreviveu depois da emboscada. Quando chegaram numa vila, alguém apontou para eles dizendo “são eles, são eles, santo Khalmyr, são eles!”, uma milícia bem armada veio e prendeu mestre e aprendiz. Grilo nunca entendeu essas coisas, fora tudo muito rápido; emboscada, prisão, e depois a execução do tamuraniano. E antes que chegasse sua vez de ir para a forca, Grilo conseguiu fugir.

─ Só lembro de uma coisa: Vi você numa cela. ─ ele disse enquanto olhávamos para a lua ─ Estava preso numa cela.

─ E onde você estava?

─ Não sei. Em um sonho eu não me vejo, apenas vejo os outros.

─ Tinha janela? ─ quando fiz a pergunta, ele se voltou pra mim, todo confuso. Bufei: ─ A cela, tinha janela na cela?

Grilo olhou para algum lugar no horizonte, tentando se lembrar.

─ Não. Sem janela. Era bem uma masmorra antiga. Pouca luz e abafada. Ah, e tinha um carcereiro careca, cheio de cicatrizes, com um machado de duas lâminas. E acho que ele não gostava muito de você.

─ Que bosta de sonho.

─ Pois é ─ ele sorriu e bocejou. Depois de um tempo: ─ Enfim, vou voltar. Talvez consiga dormir de novo.

Ele desceu da pedra e foi caminhando para onde os outros dormiam. Antes de sumi entre os arbustos, ele se virou e disse:

─ Pensei em um nome para o nosso grupo: Morphis. Que tal?

─ Bom. De onde tirou ele?

─ Sei lá. Talvez tenha sonhado com isso também. ■



Hoje. 31º dia do 12º mês, Aurea. Ano 1400.


É o último dia do ano. E me trouxeram mais tinta e papel. Então, estou escrevendo de novo.

E essa segunda parte da minha Sonata foi uma tentativa de contar, meio por cima, quem é Grilo. E algo que não tive tempo de entender naquele rapaz, era sua capacidade de avistar o futuro. Ele sonhou comigo numa cela, e cá estou, numa cela. Disse que não teria janela e disse que meu carcereiro seria uma paixão de pessoa. E essas coisas também se realizaram.

Um dia desses meu carcereiro careca e cheio de cicatrizes, exatamente como Grilo sonhara, me disse:

─ Ainda chegará o dia em que a ordem será dada e eu virei até aqui separar sua cabeça cheia de estrume do seu corpo. Vê a Senhora Serra, aqui? Veja bem as curvas dela. Sonhe com ela.

Ele é obcecado por mim. Quase todo dia, quando me traz papel e tinta a mando do seu superior, ele faz juras de amor como esta. Seu trabalho, até onde sei, é decapitar as pessoas. E ele esta sedento por ver minha cabeça rolando. E a Senhora Serra é o nome do seu machado de duas lâminas.

─ Sonhe com ela beijando seu pescoço ─ ele diz pra mim, segurando o machado contra as barras de ferro da minha cela que, abençoadamente, me protegem dele ─ Sonhe com isso. Sonhe. Pois ela te deseja imensamente.

Ele ficou um bicho no dia que estava entediado e pedi uma singela misericórdia:

─ Eu queria escrever ─ eu disse.

Logo depois o carcereiro socou uma parede e prometeu 13 formas diferentes de me matar com a Senhora Serra. Mas outro dia, um serviçal qualquer desceu na masmorra e eu falei com ele, repetindo que queria muito escrever algo.

Não sei explicar como, mas o senhor que me mantem prisioneiro aceitou o meu pedido através daquele serviçal: no dia seguinte o carcereiro me entregou uma folha, um pote de tinta e uma pena. Nem preciso citar a cara de desgosto do meu amado carcereiro.

─ Aproveite ─ ele disse me dando os itens ─ e escreva seus crimes antes que, você sabe ─ e tocou o machado de novo.

─ Claro. Meus crimes ─ arrumei os papeis e molhei a pena na tinta ─ Então vou começar com o dia em que encontrei sua mãe. Ah, não, espera, aquilo não foi um crime. Eu paguei direitinho quando terminamos.

Daí ele ficou vermelho, bateu nas barras, gritou e prometeu mais 13 formas de me matar com a Senhora Serra.

A primeira dezena das folhas foi amassada e queimada, depois de escritos estúpidos que me ocorreram. Então começaram a me dar menos papel. E, à dois dias, comecei a escrever essa Sonata. Não tenho ideia de quem ira ler, no futuro, depois que eu for executado.

É minha biografia escrita no último episódio da minha vida, e eu não sei se alguém vai ler.

Escriba sofre. Talvez por isso eu tenha escolhido a carreira de bardo.

Ao menos tenho um ouvinte: meu carcereiro e a Senhora Serra. Ontem, li para eles a parte um da Sonata do bardo. O carcereiro fez cara de mau, mas sorriu um sorriso de 7 dentes. Disse:

─ Tá uma merda.

─ É a minha vida, fazer o que.

E pela primeira vez rimos os dois juntos. Nada exagerado, pois ele ainda me odiava e eu idem. Mas já era alguma coisa.

Ah, e quando conversávamos eu descobri o seu nome.

Era Morphis. ■
 
 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

M&M & Game Of Thrones: Stannis

Stannis Baratheon
Nível 6

HABILIDADES [22p]
Força: 14 (+2); Destreza: 14 (+2); Constituição: 14 (+2); Inteligência: 14 (+2); Sabedoria: 14 (+2); Carisma: 12 (+1).

SALVAMENTOS [11p]
Resistência: 2/7*; Fortitude: 7; Reflexos: 4; Vontade: 6.
*com Placas e cota.

COMBATE [20p]
Iniciativa: 2; Defesa: 15; Esquiva: 2; Recuo: 1/3*; Bloqueio: 5; Ataque: 5; Dano: Desarmado 2 [17]; Luminifera 6 [21].
*com Placas e cota.

PERÍCIAS [96 Graduações, 24p]
Cavalgar 7 (+9); Conhecimentos: Cultura Popular 7 (+9), Educação Cívica 8 (+10), História 8 (+10), Tática 7 (+9), Teologia e filosofia 7 (+9); Escalar 2 (+4); Diplomacia 7 (+8); Intuir Intenção 2 (+4); Lidar com Animais 4 (+5); Nadar 2 (+4); Obter Informação 11 (+12); Performance: Oratória 7 (+8); Profissão: Senhor de Pedra do Dragão 11 (+13); Sobrevivência 6 (+8).

FEITOS [47p]
Ataque Acurado; Bem Informado; Bem Relacionado; Beneficio: (Status, Riqueza 2); 'Capangas' 28 (10.000 Soldados 'fanáticos'; 30p cada); Contatos; Equipamentos 7; Inspirar 2; Liderança; Rastrear; Trabalho em Equipe 1.

Equipamentos: Luminifera (Espada, Dano +4, Critico Aprimorado); Placas e cota (Resistência +5).

QG: Pedra do Dragão [Tamanho: Incrível; Resistência: 15; Adicionais: Alojamentos, Biblioteca, 'Celas de Detenção', Comunicação (Através de corvos), Enfermaria, 'Garagem' (Estábulos), 'Ginásio' (Pátios de treino), 'Laboratório', 'Oficina' (Ferraria), Porto.]

Habilidades 22 + Salvamentos 11 + Combate 20 + Perícias 24 (96 graduações) + Feitos 47 = 124 pontos.

sábado, 25 de agosto de 2012

Sonata do bardo 1

12º dia do 7º mês, Luvitas. Ano 1400.


Estávamos viajando há dias. Não que a distância de Karitania à Luvian fosse enorme, não era isso. O problema era o clima. O inverno chegara do Norte, e meio dia de neve caindo sem intervalo foi o suficiente para esconder as estradas. Por isso, estávamos atrasados em algum ponto esquecido pelos deuses, bem ali, no norte de Fortuna; que era um reino simples, apesar do nome. Mas para um pequeno time de menestréis como nós, seria fácil encher os bolsos de fortuna. A vila Karitania provara isso; em apenas uma semana rendemos ótimas moedas com apresentações breves em tavernas e numa praça local. Ainda não tínhamos um nome, então ficamos conhecidos como “Torinks e o seu bando”, o que era uma injustiça com meus camaradas músicos, além de ser um titulo estúpido. E, acima de tudo, éramos apenas quatro. E quatro pessoas é pouco para ser chamado de “bando”.

Então: precisávamos de um nome, com urgência. Ao menos antes de alcançarmos Luvian, que era nossa próxima parada.

Numa noite em que me lembro, descansávamos ao lado de uma fogueira, num campo cercado de pedras, gramas rasas e algumas árvores. Rark cutucava as unhas com uma faca de gume cego. Eu estava estudando sua vã tentativa de higiene. Quando ele me percebeu ali, ao seu lado, bufou:

─ Não deveria ter deixado secar. ─ suas as mãos estavam vermelhas de sangue. O liquido rubro havia secado por baixo das unhas, formando crostas de sujeira. ─ Tem água no seu odre?

Fiz que não.

─ Então vou ter que mijar nas mãos.

E aquilo só não soou engraçado porque vinha de Rark. Rark era um sujeito sério, de poucas palavras. Gostava dele por causa disso. E gostava dele ainda mais por saber que era meu aliado e não inimigo. Naquela manhã o vi em combate. Daí a origem daquele sangue em suas mãos: era de um sujeito que o tomou como adversário, e no fim teve a garganta rasgada. Esguichou sangue pra todo lado, e as mãos do Rark ficaram daquele jeito.

─ Por isso prefiro matar à distância. ─ eu disse ─ Não esguicha sangue dos outros em você e, com sorte, os indivíduos morrem sem saber o que aconteceu.

Rark olhou para o meu arco ali ao lado. Bufou de novo:

─ Em minha terra, você seria chamado de covarde. Somente aqueles que veem os olhos de seus inimigos, face a face, compartilham a benção de um campo de batalha. Matar a distância é falta de virilidade.

Eu concordei com a cabeça, embora discordasse do discurso. Até porque, quem sou eu para desmenti-lo? Longe de mim tal tarefa. Lembra? Gosto de Rark por ser meu aliado, o que implica jamais discutir com ele.

Rark fez um muxoxo para as mãos e largou a faca de lado. Levantou-se e foi pra trás de uma árvore; a natureza chamando. Talvez fosse mijar nas mãos, como dissera. E enquanto Grilo e Larien não voltavam com mais lenha, eu puxei meu alaúde pra perto, a fim de ajustar alguma corda frouxa, depois, fiz o mesmo com a corda do meu arco.

Pois sim, eu não era um simples bardo. Não éramos um simples grupo de menestréis que só sabiam de música. Tínhamos outros meios de sobrevivência, caso a vida nos provasse...

Aqueles bandidos de hoje cedo quem o digam...

Exceto que não eram simples bandidos.

Foi quando saímos de Karitania, quatro ou cinco dias atrás. Todos na vila viram que estávamos tilintando de moedas, graças às apresentações. Até compramos os melhores cavalos disponíveis e provisões para uma semana ou mais. Logo, atraímos a atenção de um grupo mal encarado que perambulava por lá. Ao deixar a vila, eles seguiram nossos rastros. Fui perceber que estávamos sendo seguidos somente depois de dois dias de cavalgada. Eu e o meu bando ficamos espertos, esperando por um ataque que nunca vinha. Aquele jogo começava a nos cansar. Principalmente a Larien, a única dama do grupo, tão inocente é bela quanto um machado de duas lâminas pronto pra matar.

─ Vamos recuar e pegar esses caras de frente ─ ela disse, certa hora.

Rark gostou daquilo, mas ainda preferia ouvir minha opinião. Ele gostava de uma pancadaria, mas era prudente demais para se atirar como Larien estava disposta a fazer. Olharam pra mim, aguardando.

─ Deixem passar só mais esta noite. ─ decretei. Não que eu fosse um líder ali, mas geralmente concordavam comigo quando decidia algo.

Esperamos. A noite veio e foi. A aurora deu as caras no horizonte, e começamos a seguir. Nesse meio termo, começou a nevar.

De longe avistamos uma elevação rochosa. Rark e Larien deixaram os cavalos para trás e foram bater o terreno. Era um ótimo lugar para uma emboscada. Isso se não estivéssemos caindo em uma. Bandidos normais simplesmente nos atacariam na noite; não fazia sentido eles nos seguirem por tanto tempo se não houvesse um plano maior oculto nisso. Fosse o que fosse, íamos dar um fim para a novela.

Eu e Grilo seguimos até a elevação. Grilo. Chamamos ele assim pois o nome que sua mãe lhe deu é um problemão na hora de pronunciar. E o rapaz é magro, esguio e ligeiro; tudo a ver com “Grilo”.

─ Não gosto disso ─ ele disse. Grilo tinha mania de afirmar ser sensível à coisas ruins. Não demorou muito e ele concluiu: ─ Torinks, to com um mau pressentimento. Poderíamos tentar conversar, ou ─

Abanei o comentário dele pra longe. Tínhamos ouro e estávamos sendo seguidos. Não tem o que conversar nesse cenário.

─ Relaxa. ─ sussurrei ─ Vai acabar rápido.

Paramos. Eu e Grilo e os quatro cavalos. Passamos a fingir estar alimentando os bichos ou tirando água do joelho ou qualquer outra coisa. De longe, já podíamos ver nossos perseguidores. Estavam meio ocultos por causa da neve que deixava toda paisagem branca, e por causa de uma dúzia de pinheiros que separava o caminho de onde tínhamos vindo da elevação onde estávamos. Os caras ficaram parados lá por um tempo, e eu já estava me chateando. Olhei de um lado ao outro; sem sinal de Rark ou Larien.

─ Quantos são? ─ ouvi Grilo perguntar atrás de mim.

Estreitei os olhos e enxerguei oito. Impaciente e começando a congelar (pois lá em cima o vento de inverno estava realmente animado), saquei o arco e puxei uma flecha, ajeitei ambos à minha frente, fiz mira, disparei.

─ Sete. ─ respondi, quando vi que matara um deles.

Então as coisas ficaram mais dinâmicas. Os bandidos avançaram. Um deles tinha uma besta, com o qual acertou um virote em meu cavalo. O pobre animal deu um salto de susto e dor, pisou numa pedra escorregadia e rolou encosta abaixo. No instante seguinte eu acertei o nariz do besteiro com uma seta, e foi sua vez de rolar pra baixo. Quando fiz mira pra matar outro, um vento misterioso bateu nas minhas costas e eu me atrapalhei, tentei me mexer, mas descobri que tinha um pé travado numa droga de raiz. Quando olhei para o inimigo, ele já estava na minha sombra, erguendo o machado contra o meu crânio. Nem tive tempo de ficar surpreso, apenas me joguei de lado e a lâmina inimiga passou rente meu ombro. Cai no chão. Ouvi Grilo gritar alguma coisa logo ao lado, mas outro vento sinistro uivou e encobriu sua voz.

Não entendi direito, mas acho que Grilo se jogou contra o sujeito de machado que iria me matar. Ambos escorregaram pra longe, rolando, a alguns segundos de cair da elevação. Libertei meu pé da raiz e tentei ir ao resgate, mas ambos, inimigo e amigo, já haviam sumido.

Bati os dentes e gritei “merda” em pensamento. Grilo era um bom rapaz, e um ótimo percussionista. Seu senso de ritmo era o melhor que encontrara. Seria difícil substituí-lo... Mas não era hora de lamentar. Mais tarde eu faria isso. Virei-me e vi que mais três sujeitos corriam pra mim.

Matei-os. Coração, garganta, olho esquerdo. Uma seta pra cada.

Longe, ouvi alguns ruídos de briga. Pude ver Larien trocando golpes de espadas com um, enquanto outros dois jaziam caídos ao seu lado. Ela estava em algum ponto no começo da elevação. E lá embaixo vi Rark, entre os pinheiros. De alguma forma ele havia se escondido por ali, pensei, surpreendendo os bandidos pelas costas. Já tinha matado meia dúzia (provando que o grupo não tinha somente oito, como avistara) e um último adversário lhe desarmara, jogando seu pequeno machado pra longe.

Peguei outra flecha pra matar aquele último bandido, antes que ele terminasse com Rark. Perdera o percursionista, não podia perder o flautista também.

Meu tiro foi débil, por causa dos fortes ventos, acertando uma panturrilha ao invés da nuca. Mas foi o suficiente: Rark aproveitou o espasmo de dor do inimigo e agarrou sua garganta num bote maligno. Puxou o braço pra trás, e a garganta do cara veio em sua mão. O homem caiu morto e Rark ficou sujo de sangue.

─ Vamos sair daqui. ─ gritou Rark, assim que subiu pra perto, junto com Larien ─ Acho que tem mais deles vindo.

─ E o Grilo? ─ perguntou Larien, ofegante. Tinha uma coxa sangrando; um corte feio que acabara de ganhar na luta. Mal parecia ter notado. Eu notei, e fiquei pensando que aquilo poderia gangrenar facilmente. De repente ela já estava ao meu lado, repetindo: ─ Torinks, cadê o raio do Grilo?

─ Ele caiu.

─ Puta merda.

─ Vamos, rápido ─ era Rark, já aprontando os cavalos.

Quando saímos da elevação rochosa, do outro lado, Grilo estava nos esperando.

─ Minha roupa prendeu numa raiz e eu desci escalando ─ justificou, quando encaramos ele pedindo uma explicação. Mais tarde, agradeci por ter me salvado e, principalmente, por não ter morrido.

Desde então seguimos o dia inteiro num tipo de fuga. Certamente a neve que caía encobriu os rastros na neve que cobria o solo, então, dificilmente estávamos sendo seguidos. Mas por garantia, adiantamos o passo. No meio da viagem, Grilo mostrou um broche que sem querer havia pegado do homem que caíra com ele, mas não tivera a mesma sorte de se prender numa raiz.

─ Ou ele roubou isso do verdadeiro dono ─ disse o rapaz, mostrando o item com uma heráldica esquisita ─ ou ele era o verdadeiro dono. O que significa que matamos um membro do Conselho.

Aquilo poderia ser preocupante.

─ Quer dizer que o Conselho desse reino tem um membro que nas horas vagas sai por ai aterrorizando viajantes de bolsas cheias? ─ objetei e não esperei uma réplica ─ Muito difícil. Deve ter roubado do verdadeiro dono.

E passou. A noite veio, Larien e Grilo foram buscar lenha para manter a fogueira e Rark tentava limpar as mãos. No dia seguinte iríamos seguir viagem até Luvian e continuar a vida. Se a neve desse trégua, chegariamos em menos de dois dias. ■



Hoje. 29º dia do 12º mês, Aurea. Ano 1400.


“Exceto que não eram simples bandidos”, foi o que eu disse lá encima.

Pois é. O cara que quase me matou era sim um membro do Conselho. Nem sei direito como é constituído esse diabo de conselho, e nem me lembro o nome do regente de Fortuna, mas depois descobri que o cara era importante. “Dane-se, ele nos atacou e nós o revidamos”, foi meu pensamento defensivo. E outra: não sobrou ninguém pra contar a história. Matamos todos e depois picamos a mula. Não havia perigo.

Exceto que sempre sobra um moribundo desgraçado que tem tempo de ser resgatado, e só morre depois de contar tudo o que viu.

Maldito.

Talvez por esse tal eu estou onde estou, hoje, no presente momento.

A primeira parte do meu relato é de meses atrás, quando tudo começou. Já essa nota final é o meu diário de prisioneiro.

Ao menos a cela é quente.

E agora, tenho que parar de escrever e esperar o carcereiro me entregar mais tinta. Provavelmente, só daqui dois dias. Ou mais.

Até lá, posso pensar em como narrar a continuação. Aliás, tenho de me esforçar para lembrar as aparências e personalidades dos meus companheiros. Rark, Larien e Grilo. Éramos um bom grupo. 

Hoje, estão todos mortos. ■
 
 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

"Manowarriors, raise your hands!"

Essa banda aqui deve ser o maior ícone dentre os role players, disputando uma liça sangrenta com Blind Guardian e Rhapsody Of Fire. É famosa tanto por enaltecer os mitos de Asgard quanto por declarar uma grande paixão pelo metal, tudo numa pegada bem épica. O último disco saiu em 2007, desde lá, regravaram um álbum e fizeram shows por cá e por lá, mas nada de coisa nova. Até o momento.

The Lord Of Steel é o novo material do Manowar. Comparando com seu antecessor, o Gods Of War, esse é bem básico, sem apelar para narrações e orquestrações em meio as faixas. Antes, voltam aos rotineiros acordes arrastados; ao baixo iminente, tão grave que deixa ruídos vibrantes; às letras com mais refrão do que verso. Enfim, prato cheio para os acostumados. Meio sem sal, para os nem tão acostumados assim.

domingo, 12 de agosto de 2012

Dia dos pais

Poucos me reconheceram, e menos ainda vieram falar comigo. Os demais eram rostos desconhecidos para mim; afinal, estive fora por muitos anos, e muitos se mudaram, morreram ou não estavam na favela naquele domingo.

Nostalgia. Eu cresci naquele lugar. Corria em meio aquelas ruelas. Pulava de telha em telha. Empinava pipa. Pichava. Passava trote com os orelhões.

Bons tempos.

Depois, quando meu ultimo dente de leite se foi, eu deixei as coisas de menino de lado, e fui iniciado no mundo das drogas. Deveria ter 13, não lembro direito. Há quem diga que demorei, até. Amigos sempre jogavam na minha cara: “Vendi minha primeira pedra com 7”. Não importava, eu estava no mesmo negócio que eles há muito tempo. Vi muitos saírem do ramo, outros, apreendidos pelos fardados da justiça. Naqueles anos a batalha cresceu, e não demorou muito até eu conseguir meu primeiro calibre .38 com qual furei policiais e rivais de trafico. No inicio eu tinha mania de contar quantos matara; sabe como é, mania de jovem. Mas depois, aos 16, deixei de contar mortes pra contar notas; afinal a venda de drogas se mostrou um investimento maravilhoso.

Bons tempos. Eram bons tempos.
Até que fui pego, é claro.

Desde então: cela, calor humano, banho de sol. Lá, perdi minha capacidade de contar, então nem lembro quanto tempo fiquei apreendido. Mais tarde fui considerado “de maior” e me mandaram pra um lugar mais feio e populoso, mas que tinha direito a visita íntima, cigarro, Rede Globo, Rede Record e TV Cultura.

E no presente momento eu estava de volta. A data permitia.

Aliás, esse é um privilégio que eu nunca entendi direito: liberar presidiário no dia dos pais, mães, crianças, natal, carnaval, e por ai vai. E essas datas eram ótimas para dar uma saída e conseguir uns lances. Os cidadãos civilizados mal reparam: a criminalidade sempre aumenta nos meados dessas datas. E essa falta de atenção é vantagem para nós que sempre o apanhamos dizendo “entra no carro, é um sequestro”, ou, “bolsa e jóias, agora”. Depois do ocorrido, eles fazem queixa (o que não dá em nada, pois a policia também tem que curtir o dia dos pais, mães, crianças, natal, carnaval), reclamam com qualquer um sobre o perigo nas ruas, testemunham no jornal do Datena, e passam a ficar mais espertos a qualquer abordagem de bandido. Mas é temporário, pois no próximo dia de festa eles são pegos de novo e de novo; desatentos, graças à data.

Esse assunto me lembra que tenho de comprar umas caixas de kopenhagen, daqueles de comercial de TV com o Edson Celulari. Depois, embrulhar em papel de presente e mandar para o governador, agradecendo pelo puta privilégio que ele dá aos tantos mil coisa ruim, inimigos públicos, que ─ curiosamente! ─ nem devem ter pai ou mãe ou criança.

Estou incluso entre esses coisa ruim. Mas ao menos tenho um pai.

De frente para casa, reparei que pouco havia mudado. A fachada era mais desbotada, e a fechadura estava diferente. De resto, tudo igual ao que eu tinha em memória. Avancei e bati na porta.

Veio um grito de dentro. Acho que disse “só um instante”. Voz de mulher.

Quando abriu a porta, ficou frustrada. Certamente minha irmã estava esperando outra pessoa e a ultima que imaginava ver era o irmão criminoso. Confesso que fiquei tão surpreso quanto ela; a menina se tornara uma linda jovem, tanto que por um piscar eu não dei conta de quem seria aquela figura.

Perguntei pelo pai. Ela bufou e recuou pra dentro, deixando a porta meio aberta. Quase entrei, mas pensei melhor e resolvi ficar sobre o capacho mesmo.

No instante seguinte o velho de bengala surgiu diante de mim. Ficamos nos encarando, um avaliando o outro e vendo o que os anos haviam feito. Eu tinha crescido em altura e em barba, ele, diminuiu, ficando corcunda. Seu olhar era um misto de fúria e tristeza que eu já estava acostumado, mas era bom rever aquilo, depois de tanto tempo. Seus olhos diziam “o que diabos você esta fazendo aqui?”. Então, ele baixou o olhar para a sacola que eu carregava no punho esquerdo. Olhou de volta pra mim. E agora ele dizia algo tipo “e o que significa isso?”

Eu tinha que ser rápido. Iria voltar à ativa naquela tarde e no dia seguinte e quem sabe voltar pra cadeia, mesmo sabendo que a maioria não o faz. Estava passando rapidamente ali, para uma visita singela. Tinha de ser rápido. Então:

─ Presente pro senhor ─ disse, meio rouco. Tentei um sorriso amistoso, mas o olhar dele sugeriu que eu não tinha me saído bem na tentativa.

Será possível? Eu estava tenso diante do meu pai? Que pensamento estranho. Fiquei só um pouco mais perturbado quando percebi que o homem não iria me responder. Ficou lá, parado, me encarando.

Até que suas mãos se moveram. A bengala caiu.

─ Sabe que não deveria vir ─ ele disse quanto tocou meus ombros. Não havia raiva na voz, mas não sei dizer o que era aquilo. Um tipo de ternura tensa. Uma repreensão rígida e amorosa.

Meti a mão na sacola que trazia e tirei um CD de lá. Sabia que ele era um eclético de grandes hit’s antigos. Iria gostar daquela coleção. No entanto, ele ignorou a foto do Sinatra na capa do CD.

─ Tem Frank Sinatra, Phil Collins, Queen, Etta James, Eric Clapton, dentre outros ─ eu ainda estava tenso, principalmente com ele segurando meus ombros daquele jeito.

Pude ler seus olhos de novo. Diziam “onde foi que eu errei?”. Eu deveria ser sua vergonha. O filho bastardo que trilhou o mau caminho. E talvez aqueles presentes fossem um sal na ferida. E ele sabia. Sabia que aqueles discos importados eram fruto do crime. Adquiri eles graças a um amigo, dono de restaurante. Me indicou onde comprar os presentes e me indicou seu restaurante para conseguir o dinheiro. Me mandou a mensagem confirmando o tramite: “Aqui o movimento é bom. Se você passar às 22h irá conseguir uma boa remuneração. Claro, é 60%/40%, afinal estou lhe dando o ponto de ação, mereço a maior parte. Arruma uns dois camaradas, mascaras e, claro, trate de chegar gritando.”

Ninguém jamais suspeita que o dono do negócio possa fazer algo do tipo com o próprio negócio. Era um bom ramo. E vem ganhado força nos últimos tempos, segundo esse meu amigo. De fato, na TV só se ouve falar de arrastões.

Enfim, resumindo, 1/3 da grana foi para os discos importados.

Tentei me desvencilhar das mãos do velho para poder entregar o presente e me mandar. Mas ele me puxou pra perto e quando pisquei, já estávamos abraçados. Sua respiração no meu cangote era profunda, como se sentisse dor.

─ Feliz dia dos pais ─ eu sussurrei para aquele homem que me apertava contra o peito.

O mesmo homem que um dia abriu uma escola de boxe. Treinou um monte de guris na arte do Balboa, incluindo eu. Sempre fez o melhor para sua comunidade, tirando a rapaziada das ruas e metendo em suas cabeças vazias o compromisso com o ringue e a obstinação em superar as capacidades do dia anterior e do antes desse. Treino, disciplina, respeito; qualidades que afastaram muitos do crime.

Meu pai era um messias em meio o Armageddon.

Até que o diabo mandou seus demônios.

O professor de boxe estava atrapalhando os negócios. Os grandes da favela começaram a se incomodar com a perda de jovens. Pois todos sabemos que hoje uma criança traficante rende mais que um adulto. A policia passa, fala grosso, da um tapa, mas raramente algo critico acontece. No dia seguinte o mesmo moleque esta vendendo crack na quebrada. E os negócios fluem como um córrego fedorento.

Mas meu pai tomou o desafio de impedir que crianças nadassem nesse córrego.

Em pouco tempo, os traficantes perderam boa parte de suas crianças.

Foram falar com o meu pai. No fim da conversa meu bom velho tinha as duas pernas quebradas, um ombro deslocado, inúmeros hematomas na face e duas balas no peito.

Os médicos de plantão o levaram. Todos bem crentes que aquele homem morreria antes de chegar ao hospital. Daí, foram surpreendidos quando uma rápida cirurgia estabilizou o boxeador. Mas o hospital não tinha um leito adequado para atender o homem, e ele morreria de uma forma ou de outra. Agora, era só uma questão de tempo.

Mas não podia ser assim! Não fazia sentido ele morrer. Era injusto demais. Ele era um herói naquela favela. Era o meu herói.

E eu estava disposto a salvá-lo.

Foi quando entrei para o tráfico.

O rápido dinheiro que veio foi todo na entrada de um hospital particular. Arranjaram as pernas do meu pai, deram pontos em suas feridas de tiro, e pronto: o homem viveu. E eu comecei a pagar o preço.

O hospital era caro, então eu tinha de continuar no crime. Não havia outra escolha. E, alem do mais, os traficantes não me deixariam ir depois do talento que demonstrei ter.

Mais tarde, quando meu pai voltou pra casa, eu soube que era hora de ir. Meu herói estava salvo, mas o vilão ainda tinha de pagar.

Fui atrás dos grandes.

E a única forma de vencer o diabo, é virando seus próprios demônios contra ele.

Algumas ligações anônimas. Uma arma roubada de um e posta no carro de outro. Mentiras e mentiras. E de repente todos no cartel suspeitavam de todos. Em meio ao caos, eu subi de posto. Numa madrugada de reunião, liguei para a polícia pra armar emboscada, ela veio e houve troca de tiros. Distraídos com os militares, eu meti uma bala num dos grandes que mal teve tempo de perceber a traição. Fui atrás de outro e fiz o mesmo. Não tinha idéia de quem era mais influente. Tudo que queria era acabar com o crime. Por mim, por todas aquelas crianças usadas e, principalmente, pelo que fizeram ao meu pai.

E às vezes, para eliminar o mal você deve se tornar algo pior.

Não me orgulho das coisas que fiz, até porque o crime continuou e eu fui preso. Mas também não me arrependo de nada.

Fiz o que fiz por meu pai. Sei que foi errado, mas não consigo ver as coisas de outra forma. Até hoje ele ainda faz um tratamento, tomando remédio e recebendo fisioterapeutas em casa. E se me perguntarem por que permaneço no crime, eu mostro as notas dos remédios. São caros. E o único dinheiro que pode pagar por eles é o que eu envio nas datas importantes, quando a cadeia me libera. Dinheiro do crime.

Ali, diante do meu pai, eu queria dizer tudo isso. Dizer o quão louco fiquei quando soube que ele iria morrer num hospital de bosta. Queria falar o que achava dele, demonstrar minha admiração, dizer que era o meu herói.

Queria dizer “eu te amo”.

Mas a minha boca disse:

─ Desculpa pai, eu tenho que ir. Sabe como é, algumas coisas pra resolver, e depois voltar pra cadeia.

Ele não me libertou do abraço. Começou a tremer e me apertou com mais força. Senti sua primeira lagrima molhando meu pescoço. Meus olhos se encheram também, mas eu fui forte e decidi não chorar.

─ Pai, eu ─

Interrompi-me quando ele sussurrou algo. Não pude entender o que dissera, mas logo em seguida fui liberto do abraço. Eu apanhei sua bengala do chão rapidamente, pois sabia que ficar em pé por muito tempo era uma tortura para ele. Entreguei a sacola com os discos e, junto, uma porção de dinheiro.

Só então o olhei nos olhos. Aqueles olhos que diziam tanto e mais ainda.

─ Se cuida ─ eu disse, e me virei antes dele me ver chorar. Fui embora sem olhar para trás.

Não tenho certeza, mas aquele último olhar dele... Eu pude lê-lo também.

Dizia “obrigado, filho”.