domingo, 26 de julho de 2020

Alguns dizem...

... que a vida criativa está nas ideias; outros, que ela está na ação. Na maioria dos casos, ela parece estar num ser simples. Não se trata do virtuosismo, embora não haja nada de errado com ele. Trata-se de amor por algo, de sentir tanto amor por algo — seja por uma pessoa, uma palavra, uma imagem, uma ideia, pelo país ou pela humanidade — que tudo o que pode ser feito com o excesso é criar. Não é uma questão de querer; não é um ato isolado da vontade. Simplesmente é o que se precisa fazer. 

— Clarissa Pinkola Estés, no Mulheres que correm com os lobos

domingo, 5 de julho de 2020

Caído

O mundo gira... até que ele se encontre no não-espaço, no não-tempo: o local supremo da criatividade. Com um pouco de memória, ele começa o serviço. Sobre os seus ombros está a luz dura, quase divina, da criação. Mas é um trampo pesado, caótico, ele se desencontra, mas em algum momento acha foco. Olhos bem abertos: ele pode ver algo que não podemos. Ao trabalho, mãos no detalhe; pois você sabe quando alguém está fazendo algo direito com base na agilidade das mãos. O júbilo ao concluir, o êxtase; ninguém ali para contemplar aquela glória, pois é como a canção diz, estamos sozinhos e não há celebração para o condenado. Tudo bem. Após o êxtase, a contemplação do fim. Agora a luz é outra: a luz quente da destruição. Ele queima a própria criação. Qual o sentimento nisso? Ele parece liberto de uma ideia, de significados, do passado; ele parece satisfeito. Caído, criou e destruiu e se libertou. É isso?