quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

M&M & Marvel: Wolverine

James Howlett Logan
Nível 10

HABILIDADES [30p]
Força: 18 (+4); Destreza: 16 (+3); Constituição: 20 (+5); Inteligência: 14 (+2); Sabedoria: 16 (+3); Carisma: 10 (+0).

SALVAMENTOS [19p]
Resistência: 10 (2 Impenetrável); Fortitude: 12; Reflexos: 8; Vontade: 10 (15 contra efeitos mentais).

COMBATE [40p]
Iniciativa: 7; Defesa: 20 (15 Desprevenido); Ataque: 10; Dano: Desarmado 4, Garras (Crítico 19-20) 8.

PERICIAS [176 graduações, 44p]
Arte da Fuga 8 (+11); Blefar 8 (+8); Cavalgar 4 (+7); Computadores 4 (+6); Conhecimento: Manha 8 (+10), Tática 8 (+10); Desarmar Dispositivo 8 (+11); Dirigir 8 (+11); Escalar 8 (+10); Furtividade 8 (+11); Intimidar 12 (+12); Intuir Intenção 14 (+17); Lidar com Animais 8 (+8); Nadar 8 (+10); Notar 12 (+15); Obter Informação 8 (+8); Pilotar 8 (+11); Procurar 8 (+10); Sobrevivência 14 (+17); Idiomas 12 (Alemão, Árabe, Cheyenne, Chinês, Espanhol, Francês, Lakota, Japonês, Português, Russo, Tailandês, Vietnamita; base: Inglês).

FEITOS [26p]
Assustar; Ataque Atordoante; Ataque Dominó 2; Ataque Furtivo; Ataque Imprudente; Ataque Poderoso; Bloquear Aprimorado; Contatos; Derrubar Aprimorado; Desarmar Aprimorado; Duro de Matar; Empatia com Animais; Equipamento; Estrangular; Fúria (Força +4, Fortitude +2, Vontade +2, Defesa -2; 5 Rodadas); Iniciativa Aprimorada; Interpor-se; Liderança; Quebrar Aprimorado; Quebrar Arma; Rastrear; Resistência Suprema; Tolerância; Trabalho em Equipe 2.

PODERES [51p]
  • Escudo Mental 5 (5p)
  • Esqueleto de Adamantium 2 (Feitos: Sutil; 11p)
    • Densidade 2 [Força +4, Proteção Impenetrável 1; Extra: Duração Contínua [+1]; Falha: Permanente [-1]]
    • Proteção 1 [Extra: Impenetrável [+1]]
    • Imunidade 2 [Acertos críticos]
  • Golpe 4 (Extra: Penetrante [+1]; Feitos: Crítico Aprimorado, Pujante, Sutil; 11p)
  • Imunidade 3 (Doenças, Envelhecimento, Veneno; 3p)
  • Regeneração 15 (Machucado 2 [ação padrão], Ferido 4 [ação completa], Abatido 3 [1 minuto], Desabilitado 1 [5 horas]; Dano em Habilidade 3 [20 minutos], Ressurreição 2 [1 dia]; Feito: Crescimento de Membros; 16p)
  • Super Sentidos 5 (Sentidos Ampliados: Audição [Estendida], Visão [Estendida]; Sentidos Adicionais: Faro, Ultra Audição, Visão na penumbra; 5p)
EQUIPAMENTOS [5pe]
Traje (Resistência +3, Sutil; 4pe)
+1pe

Habilidades 30 + Salvamentos 19 + Combate 40 + Perícias 44 (176 graduações) + Feitos 26 + Poderes 51 = 210 pontos.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Jorn Lande: dono de uma das melhores vozes do metal atual


Eu costumo dizer que Jorn Lande (na briga com Russell Allen) é o melhor vocalista que o mundo do metal conhece, de uns anos pra cá. Graças à essa minha afirmação, claro, mereço um troféu de imparcialidade. Mas, veja bem, estou aqui, agora, tentando me defender com uma postagem a fim de divulgar (novamente) o timbre e a pegada RonnieJamesDio/DavidCoverdele deste vocalista, e assim justificar minha causa. Pode ser? Ok.

Às vezes é um desafio ir atrás de uma banda cheia dos discos. Pode surgir algumas dúvidas de por onde começar, qual daqueles é o melhor, qual que tem aquele guitarrista x e por ai vai. Geralmente o que salva uma apresentação para qualquer ouvinte perdido, mostrando todo o potencial de pilhas de álbuns numa única tacada, são as coletâneas. E Jorn é um cara que adora se apresentar.

Acontece que, de tempo em tempo, ele costuma lançar discos coletâneas. Mas, prevendo que uma nova compilação poderia cair no colo da mesmice (com um repertório que os fãs conhecem de cor, ou um repertório cheio de covers, ou as duas coisas; ou seja, o que as outras coletâneas já fizeram), ele apelou pra algo novo em sua carreira: sinfonia.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O Arqueiro

A trilogia A Busca do Graal tem como cenário a Guerra dos Cem Anos, um conflito dinástico iniciado em 1337, com Eduardo III reivindicando a coroa da França, e que terminou com a tomada de Bordeaux pelos franceses, em 19 de outubro de 1453. As tramas, os homens e as histórias por trás da luta pela coroa francesa confirmam Bernard Cornwell como um dos principais escritores históricos da atualidade. Uma fábula sobre guerra e heroísmo que encanta do início ao fim.

*

Aos 18 anos, Thomas vê seu pai morrer em seus braços após um ataque surpresa à aldeia de Hookton. Um lugar simples que escondia um grande segredo: a lança usada por São Jorge para matar o dragão, uma das maiores relíquias da cristandade.

Em busca de vingança contra um homem conhecido apenas como Arlequim, o rapaz, um arqueiro habilidoso, se junta ao exército inglês em campanha na França, onde se envolve em batalhas e aventuras que, sem perceber, lançam-no na busca do lendário Santo Graal.
Com este romance, Bernard Cornwell usa o cenário da Guerra dos Cem Anos para dar início a uma saga tão empolgante quanto as aventuras de Artur e seus cavaleiros, narradas em As Crônicas de Artur, que transformaram para sempre a imagem daqueles heróis míticos.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Django Livre...

Algo que há muito não acontecia: eu assistir um filme, e imediatamente querer revê-lo. Lembro de ter passado por esse estado alucinado apenas quando conferi Clube da Luta, e agora a doença se repete. Pois Django Livre é perfeito, por falta de um título mais épico.

Ajuda, claro, o fato de eu ser fã do diretor, um sujeito que atende por Quentin Tarantino. Ele costuma adicionar em seus filmes alguns closes cômicos (de quando a câmera vai bem na cara do ator e este levanta uma sobrancelha, entorta a boca, ou faz outra pantomima que expressa muito bem a intenção ou até mesmo pensamentos dos personagens), diálogos imprevisíveis (o que causa a impressão de que os atores não estão atuando, como se não houvesse uma câmera ali; isso faz parecer uma discussão natural), muita violência verbal e física (só nos Kill Bill foram usados por volta de 450 litros de sangue falso, e a palavra “fuck” foi dita 265 vezes no Pulp Fiction) e uma boa sequencia de filmagens, às vezes não linear (vai para o futuro ou passado e depois volta ao presente, ou não). E Django tem um bocado de todas essas características.

DiCaprio disse que o seu personagem ─ Calvin, um senhor de escravos ─ certamente foi o papel mais “terrível” que fizera em sua carreira. E fizera muito bem, bem mesmo. Jamie Foxx, idem. Não lembro de ter visto um filme do Foxx e me arrepender. O Solista, Ray, Miami Vice, Código de Conduta e mais uns dois. E agora Django. Brilhante atuação.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Como aprender sobre a Roma de César e se entreter ao mesmo tempo


Um antigo e amado professor, numa conversa qualquer sobre filmes, séries e afins, me dissera:

─ Cara, assiste Rome. É doido.

E eu anotei no meu bloco de notas imaginário, em cima, no canto das “prioridades”. Pois uma recomendação daquele professor não era qualquer coisa. Merecia extrema urgência!

Daí, quatro ou cinco anos depois (tipo, no atual mês desta postagem) fui assistir. E eu queria poder encontrar esse meu antigo mestre para agradecer a recomendação, lamentar o meu hiato pachorrento de quatro ou cinco anos e falar:

─ Viu só, tá passando na Band! Ah, e tenho a impressão que nem na escola eu aprendi tanto sobre a Roma antiga!

Essa última afirmação, veja bem, pode ser deficiência minha e facilmente explicada: trata-se do jovem nada interessado nas aulas de história e nunca disposto a ler os livros didáticos com aqueles textos que embaralhavam a vista em apenas dez segundos de corrida ocular... Ou, talvez seja mérito desta produção da HBO/BBC, que foi para mim como um telecurso abençoado, me tirando da ignorância de manjar somente da tal traição em que César foi vítima, de quando suspirou a famosa “até tú, Brutus, meu filho?!”.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Excalibur

Excalibur é o último volume da trilogia As Crônicas de Artur, do escritor inglês Bernard Cornwell sobre o lendário guerreiro Artur, que passou para a história com o título de rei, embora nunca tenha usado uma coroa. 

Em As Crônicas de Artur, Cornwell desenha um Artur familiar e desconhecido. Um dos inúmeros filhos ilegítimos do rei Uther Pendragon, sem o menor interesse pelo poder, sua única ambição é manter o juramento ao rei de direito, Mordred, e ajudá-lo a lutar pela paz. Ao mesmo tempo, o autor nos revela locais conhecidos e personagens esperados: o mago Merlin, a bela Guinevere, Lancelot ─ aqui retratado como um covarde ─ e a lendária Távola Redonda.
Neste terceiro volume da série, iniciada com O Rei do Inverno e O Inimigo de Deus, o escritor imerge o leitor em uma Britânia cercada pela escuridão. E apresenta os últimos esforços de Artur pra combater os saxões e triunfar sobre um casamento e sonhos desfeitos. Excalibur mostra, ainda, o desespero de Merlin, o maior de todos os druidas, ao perceber a deserção dos antigos deuses bretões. Sem seu poder, Merlin acha impossível combater os cristãos, mais perigosos para a velha ilha do que uma horda de famintos guerreiros saxões.
O livro traz vívidas descrições de lutas de espada e estratégias de guerra, misturadas com descrições da vida comum naqueles dias: longas barbas servindo como guardanapos, festivais pagãos, com sacrifícios de animais, e pragas corriqueiras, como piolhos. Tendo por narrador um saxão criado entre os bretões, Derfel, braço direito de Artur, Excalibur acompanha os conflitos internos de Artur, recém-separado da esposa, mas ainda apaixonado por sua rainha. Atacado por velhos inimigos, perseguido por novos perigos.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

M&M & Game Of Thrones: Asha

Asha Greyjoy
Nível 4

HABILIDADES [16p]
Força: 12 (+1); Destreza: 14 (+2); Constituição: 12 (+1); Inteligência: 12 (+1); Sabedoria: 12 (+1); Carisma: 14 (+2).

SALVAMENTOS [12p]
Resistência: 1/2*; Fortitude: 6; Reflexos: 6; Vontade: 4.
*Couro

COMBATE [18p]
Iniciativa: 2; Defesa: 15; Esquiva: 2; Recuo: 1; Bloqueio: 4; Ataque: 4; Dano: Desarmado 1 [16], Machado de arremesso 3 [18].

PERÍCIAS [60 Graduações, 15p]
Arte da Fuga 3 (+5); Blefar 3 (+5); Cavalgar 4 (+6); Conhecimento: Cultura Popular 2 (+4), Educação Cívica 2 (+3), Manha 3 (+4), Tática 3 (+4), Teologia e filosofia 2 (+3); Dirigir 6 (+8); Escalar 3 (+4); Lidar com Animais 3 (+5); Nadar 6 (+7); Obter Informação 6 (+8); Performance: Oratória 5 (+7); Profissão: Capitã do Vento Negro 4 (+5); Sobrevivência 5 (+7).

FEITOS [39p]
Ambiente Favorito (à bordo do Vento Negro), Ataque Acurado, Ataque Poderoso, Bem Informada; Bem Relacionada; Benefícios (Status); 'Capangas' 12 (25 tripulantes 'fanáticos'; 30p cada); Equipamentos 13; Fascinar (Blefar); Inspirar 3; Liderança; Maestria em Arremesso; Trabalho em Equipe; Zombar.

Equipamentos: Machado de arremesso (Dano +2), Couro (Resistência +1).

Vento Negro: Návio de Guerra (Força 100, Velocidade 3, Defesa -2, Resistência 18; Tamanho: Incrível).

Habilidades 16 + Salvamentos 12 + Combate 18 + Perícias 15 (60 graduações) + Feitos 39 = 100 pontos.

sábado, 12 de janeiro de 2013

M&M & Game Of Thrones: Balon

Balon Greyjoy
Nível 6

HABILIDADES [20p]
Força: 14 (+2); Destreza: 10 (+0); Constituição: 14 (+2); Inteligência: 14 (+2); Sabedoria: 14 (+2); Carisma: 14 (+2).

SALVAMENTOS [18p]
Resistência: 2; Fortitude: 9; Reflexos: 4; Vontade: 9.

COMBATE [16p]
Iniciativa: 0; Defesa: 14; Esquiva: 2; Recuo: 1; Bloqueio: 4; Ataque: 4; Dano: Desarmado 2 [17].

PERÍCIAS [108 Graduações, 27p]
Blefar 6 (+8); Cavalgar 5 (+5); Conhecimento: Cultura Popular 7 (+9), Educação Cívica 7 (+9), História 7 (+9), Tática 9 (+11), Teologia e filosofia 6 (+8); Diplomacia 3 (+5); Dirigir 9 (+9); Intuir Intenção 5 (+7); Lidar com Animais 4 (+6); Nadar 4 (+6); Obter Informação 8 (+10); Performance: Oratória 10 (+12); Profissão: Senhor das Ilhas de Ferro 11 (+13); Sobrevivência 7 (+9).

FEITOS [42p]
Bem Informado; Bem Relacionado; Benefícios (Status, Riqueza 2); 'Capangas' 26 (5.000 Soldados 'fanáticos'; 30p cada); Contatos; Equipamentos 4; Inspirar 4; Liderança; Plano Genial.

QG: Pyke [Tamanho: Incrível; Resistência: 20; Adicionais: Alojamentos, Biblioteca, 'Celas de Detenção', Comunicação (Através de corvos), 'Doca', Enfermaria, 'Garagem' (Estábulos), 'Ginásio' (Pátio de treino), Isolado, 'Laboratório', 'Oficina' (Ferraria)]

Habilidades 20 + Salvamentos 18 + Combate 16 + Perícias 27 (108 graduações) + Feitos 42 = 123 pontos.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Feliz ano novo, do Rubem Fonseca

Vi na televisão que as lojas bacanas estavam vendendo adoidado roupas ricas para as madames vestirem no reveillon. Vi também que as casas de artigos finos para comer e beber tinham vendido todo o estoque.

Pereba, vou ter que esperar o dia raiar e apanhar cachaça, galinha morta e farofa dos macumbeiros.

Pereba entrou no banheiro e disse, que fedor.

Vai mijar noutro lugar, tô sem água.

Pereba saiu e foi mijar na escada.

Onde você afanou a TV, Pereba perguntou.

Afanei, porra nenhuma. Comprei. O recibo está bem em cima dela. Ô Pereba! você pensa que eu sou algum babaquara para ter coisa estarrada no meu cafofo?

Tô morrendo de fome, disse Pereba.

De manhã a gente enche a barriga com os despachos dos babalaôs, eu disse, só de sacanagem.

Não conte comigo, disse Pereba. Lembra-se do Crispim? Deu um bico numa macumba aqui na Borges de Medeiros, a perna ficou preta, cortaram no Miguel Couto e tá ele aí, fudidão, andando de muleta.

Pereba sempre foi supersticioso. Eu não. Tenho ginásio, sei ler, escrever e fazer raiz quadrada. Chuto a macumba que quiser.

Acendemos uns baseados e ficamos vendo a novela. Merda. Mudamos de canal, prum bang-bang, Outra bosta.
As madames granfas tão todas de roupa nova, vão entrar o ano novo dançando com os braços pro alto, já viu como as branquelas dançam? Levantam os braços pro alto, acho que é pra mostrar o sovaco, elas querem mesmo é mostrar a boceta mas não têm culhão e mostram o sovaco. Todas corneiam os maridos. Você sabia que a vida delas é dar a xoxota por aí?
Pena que não tão dando pra gente, disse Pereba. Ele falava devagar, gozador, cansado, doente.

Pereba, você não tem dentes, é vesgo, preto e pobre, você acha que as madames vão dar pra você? Ô Pereba, o máximo que você pode fazer é tocar uma punheta. Fecha os olhos e manda brasa.

Eu queria ser rico, sair da merda em que estava metido! Tanta gente rica e eu fudido.

Zequinha entrou na sala, viu Pereba tocando punheta e disse, que é isso Pereba?

Michou, michou, assim não é possível, disse Pereba.

Por que você não foi para o banheiro descascar sua bronha?, disse Zequinha.

No banheiro tá um fedor danado, disse Pereba.

Tô sem água.

As mulheres aqui do conjunto não estão mais dando?, perguntou Zequinha.

Ele tava homenageando uma loura bacana, de vestido de baile e cheia de jóias.

Ela tava nua, disse Pereba.

Já vi que vocês tão na merda, disse Zequinha.

Ele tá querendo comer restos de Iemanjá, disse Pereba.

Brincadeira, eu disse. Afinal, eu e Zequinha tínhamos assaltado um supermercado no Leblon, não tinha dado muita grana, mas passamos um tempão em São Paulo na boca do lixo, bebendo e comendo as mulheres. A gente se respeitava.

Pra falar a verdade a maré também não tá boa pro meu lado, disse Zequinha. A barra tá pesada. Os homens não tão brincando, viu o que fizeram com o Bom Crioulo? Dezesseis tiros no quengo. Pegaram o Vevé e estrangularam. O Minhoca, porra! O Minhoca! crescemos juntos em Caxias, o cara era tão míope que não enxergava daqui até ali, e também era meio gago - pegaram ele e jogaram dentro do Guandu, todo arrebentado.

Pior foi com o Tripé. Tacaram fogo nele. Virou torresmo. Os homens não tão dando sopa, disse Pereba. E frango de macumba eu não como.

Depois de amanhã vocês vão ver.

Vão ver o que?, perguntou Zequinha.

Só tô esperando o Lambreta chegar de São Paulo.

Porra, tu tá transando com o Lambreta?, disse Zequinha.

As ferramentas dele tão todas aqui.

Aqui!?, disse Zequinha. Você tá louco.

Eu ri.

Quais são os ferros que você tem?, perguntou Zequinha.

Uma Thompson lata de goiabada, uma carabina doze, de cano serrado, e duas magnum.

Puta que pariu, disse Zequinha. E vocês montados nessa baba tão aqui tocando punheta?

Esperando o dia raiar para comer farofa de macumba, disse Pereba. Ele faria sucesso falando daquele jeito na TV, ia matar as pessoas de rir.

Fumamos. Esvaziamos uma pitu.

Posso ver o material?, disse Zequinha.

Descemos pelas escadas, o elevador não funcionava e fomos no apartamento de Dona Candinha. Batemos. A velha abriu a porta.

Dona Candinha, boa noite, vim apanhar aquele pacote.

O Lambreta já chegou?, disse a preta velha.

Já, eu disse, está lá em cima.

A velha trouxe o pacote, caminhando com esforço. O peso era demais para ela. Cuidado, meus filhos, ela disse.

Subimos pelas escadas e voltamos para o meu apartamento. Abri o pacote. Armei primeiro a lata de goiabada e dei pro Zequinha segurar. Me amarro nessa máquina, tarratátátátá!, disse Zequinha.

É antiga mas não falha, eu disse.

Zequinha pegou a magnum. Jóia, jóia, ele disse. Depois segurou a doze, colocou a culatra no ombro e disse: ainda dou um tiro com esta belezinha nos peitos de um tira, bem de perto, sabe como é, pra jogar o puto de costas na parede e deixar ele pregado lá.

Botamos tudo em cima da mesa e ficamos olhando.

Fumamos mais um pouco.

Quando é que vocês vão usar o material?, disse Zequinha.

Dia 2. Vamos estourar um banco na Penha. O Lambreta quer fazer o primeiro gol do ano.

Ele é um cara vaidoso, disse Zequinha.

É vaidoso mas merece. Já trabalhou em São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Vitória, Niterói, pra não falar aqui no Rio. Mais de trinta bancos.

É, mas dizem que ele dá o bozó, disse Zequinha.

Não sei se dá, nem tenho peito de perguntar. Pra cima de mim nunca veio com frescuras.

Você já viu ele com mulher?, disse Zequinha.

Não, nunca vi. Sei lá, pode ser verdade, mas que importa?

Homem não deve dar o cu. Ainda mais um cara importante como o Lambreta, disse Zequinha.

Cara importante faz o que quer, eu disse.

É verdade, disse Zequinha.

Ficamos calados, fumando.

Os ferros na mão e a gente nada, disse Zequinha.

O material é do Lambreta. E aonde é que a gente ia usar ele numa hora destas?

Zequinha chupou ar fingindo que tinha coisas entre os dentes. Acho que ele também estava com fome.

Eu tava pensando a gente invadir uma casa bacana que tá dando festa. O mulherio tá cheio de jóia e eu tenho um cara que compra tudo que eu levar. E os barbados tão cheios de grana na carteira. Você sabe que tem anel que vale cinco milhas e colar de quinze, nesse intruja que eu conheço? Ele paga na hora.

O fumo acabou. A cachaça também. Começou a chover.

Lá se foi a tua farofa, disse Pereba.

Que casa? Você tem alguma em vista?

Não, mas tá cheio de casa de rico por aí. A gente puxa um carro e sai procurando.

Coloquei a lata de goiabada numa saca ele feira, junto com a munição. Dei uma magnum pro Pereba, outra pro Zequinha. Prendi a carabina no cinto, o cano para baixo e vesti uma capa. Apanhei três meias de mulher e uma tesoura. Vamos, eu disse.

Puxamos um Opala. Seguimos para os lados de São Conrado. Passamos várias casas que não davam pé, ou tavam muito perto da rua ou tinham gente demais. Até que achamos o lugar perfeito. Tinha na frente um jardim grande e a casa ficava lá no fundo, isolada. A gente ouvia barulho de música de carnaval, mas poucas vozes cantando. Botamos as meias na cara. Cortei com a tesoura os buracos dos olhos. Entramos pela porta principal.

Eles estavam bebendo e dançando num salão quando viram a gente.

É um assalto, gritei bem alto, para abafar o som da vitrola. Se vocês ficarem quietos ninguém se machuca. Você aí, apaga essa porra dessa vitrola!

Pereba e Zequinha foram procurar os empregados e vieram com três garções e duas cozinheiras. Deita todo mundo, eu disse.

Contei. Eram vinte e cinco pessoas. Todos deitados em silêncio, quietos, como se não estivessem sendo vistos nem vendo nada.

Tem mais alguém em casa?, eu perguntei.

Minha mãe. Ela está lá em cima no quarto. É uma senhora doente, disse uma mulher toda enfeitada, de vestido longo vermelho. Devia ser a dona da casa.

Crianças?

Estão em Cabo Frio, com os tios.

Gonçalves, vai lá em cima com a gordinha e traz a mãe dela.

Gonçalves?, disse Pereba.

É você mesmo. Tu não sabe mais o teu nome, ô burro?

Pereba pegou a mulher e subiu as escadas.

Inocêncio, amarra os barbados.

Zequinha amarrou os caras usando cintos, fios de cortinas, fios de telefones, tudo que encontrou.

Revistamos os sujeitos. Muito pouca grana. Os putos estavam cheios de cartões de crédito e talões de cheques. Os relógios eram bons, de ouro e platina. Arrancamos as jóias das mulheres. Um bocado de ouro e brilhante. Botamos tudo na saca.

Pereba desceu as escadas sozinho.

Cadê as mulheres?, eu disse.

Engrossaram e eu tive que botar respeito.

Subi. A gordinha estava na cama, as roupas rasgadas, a língua de fora. Mortinha. Pra que ficou de flozô e não deu logo? O Pereba tava atrasado. Além de fudida, mal paga. Limpei as jóias. A velha tava no corredor, caída no chão. Também tinha batido as botas. Toda penteada, aquele cabelão armado, pintado de louro, de roupa nova, rosto encarquilhado, esperando o ano novo, mas já tava mais pra lá do que pra cá. Acho que morreu de susto. Arranquei os colares, broches e anéis. Tinha um anel que não saía. Com nojo, molhei de saliva o dedo da velha, mas mesmo assim o anel não saía. Fiquei puto e dei uma dentada, arrancando o dedo dela. Enfiei tudo dentro de uma fronha. O quarto da gordinha tinha as paredes forradas de couro. A banheira era um buraco quadrado grande de mármore branco, enfiado no chão. A parede toda de espelhos. Tudo perfumado. Voltei para o quarto, empurrei a gordinha para o chão, arrumei a colcha de cetim da cama com cuidado, ela ficou lisinha, brilhando. Tirei as calças e caguei em cima da colcha. Foi um alívio, muito legal. Depois limpei o cu na colcha, botei as calças e desci.

Vamos comer, eu disse, botando a fronha dentro da saca.

Os homens e mulheres no chão estavam todos quietos e encagaçados, como carneirinhos. Para assustar ainda mais eu disse, o puto que se mexer eu estouro os miolos.

Então, de repente, um deles disse, calmamente, não se irritem, levem o que quiserem não faremos nada. Fiquei olhando para ele. Usava um lenço de seda colorida em volta do pescoço.

Podem também comer e beber à vontade, ele disse.

Filha da puta. As bebidas, as comidas, as jóias, o dinheiro, tudo aquilo para eles era migalha. Tinham muito mais no banco. Para eles, nós não passávamos de três moscas no açucareiro.

Como é seu nome?

Maurício, ele disse.

Seu Maurício, o senhor quer se levantar, por favor?

Ele se levantou. Desamarrei os braços dele.

Muito obrigado, ele disse. Vê-se que o senhor é um homem educado, instruído. Os senhores podem ir embora, que não daremos queixa à polícia. Ele disse isso olhando para os outros, que estavam quietos apavorados no chão, e fazendo um gesto com as mãos abertas, como quem diz, calma minha gente, já levei este bunda suja no papo.
Inocêncio, você já acabou de comer? Me traz uma perna de peru dessas aí. Em cima de uma mesa tinha comida que dava para alimentar o presídio inteiro. Comi a perna de peru. Apanhei a carabina doze e carreguei os dois canos.

Seu Maurício, quer fazer o favor de chegar perto da parede?

Ele se encostou na parede.

Encostado não, não, uns dois metros de distância. Mais um pouquinho para cá. Aí. Muito obrigado.

Atirei bem no meio do peito dele, esvaziando os dois canos, aquele tremendo trovão. O impacto jogou o cara com força contra a parede. Ele foi escorregando lentamente e ficou sentado no chão. No peito dele tinha um buraco que dava para colocar um panetone.

Viu, não grudou o cara na parede, porra nenhuma.

Tem que ser na madeira, numa porta. Parede não dá, Zequinha disse.

Os caras deitados no chão estavam de olhos fechados, nem se mexiam. Não se ouvia nada, a não ser os arrotos do Pereba.

Você aí, levante-se, disse Zequinha. O sacana tinha escolhido um cara magrinho, de cabelos compridos.

Por favor, o sujeito disse, bem baixinho.

Fica de costas para a parede, disse Zequinha.

Carreguei os dois canos da doze. Atira você, o coice dela machucou o meu ombro. Apóia bem a culatra senão ela te quebra a clavícula.

Vê como esse vai grudar. Zequinha atirou. O cara voou, os pés saíram do chão, foi bonito, como se ele tivesse dado um salto para trás. Bateu com estrondo na porta e ficou ali grudado. Foi pouco tempo, mas o corpo do cara ficou preso pelo chumbo grosso na madeira.

Eu não disse? Zequinha esfregou ó ombro dolorido. Esse canhão é foda.

Não vais comer uma bacana destas?, perguntou Pereba.

Não estou a fim. Tenho nojo dessas mulheres. Tô cagando pra elas. Só como mulher que eu gosto.

E você... Inocêncio?

Acho que vou papar aquela moreninha.

A garota tentou atrapalhar, mas Zequinha deu uns murros nos cornos dela, ela sossegou e ficou quieta, de olhos abertos, olhando para o teto, enquanto era executada no sofá.

Vamos embora, eu disse. Enchemos toalhas e fronhas com comidas e objetos.

Muito obrigado pela cooperação de todos, eu disse. Ninguém respondeu.

Saímos. Entramos no Opala e voltamos para casa.

Disse para o Pereba, larga o rodante numa rua deserta de Botafogo, pega um táxi e volta. Eu e Zequinha saltamos.

Este edifício está mesmo fudido, disse Zequinha, enquanto subíamos, com o material, pelas escadas imundas e arrebentadas.

Fudido mas é Zona Sul, perto da praia. Tás querendo que eu vá morar em Nilópolis?

Chegamos lá em cima cansados. Botei as ferramentas no pacote, as jóias e o dinheiro na saca e levei para o apartamento da preta velha.

Dona Candinha, eu disse, mostrando a saca, é coisa quente.

Pode deixar, meus filhos. Os homens aqui não vêm.

Subimos. Coloquei as garrafas e as comidas em cima de uma toalha no chão. Zequinha quis beber e eu não deixei. Vamos esperar o Pereba.

Quando o Pereba chegou, eu enchi os copos e disse, que o próximo ano seja melhor. Feliz Ano Novo.