sábado, 26 de julho de 2014

Heitor e companhia

Você enxerga novas cores no quadro ─ é o que acontece quando o fã lê a Ilíada do Homero e depois revisita o épico Troia.

Você percebe, por exemplo, como os personagens, se trocados de lado, dariam muito certo uns com os outros. O filme conseguiu preencher as lacunas das personalidades que o poema homérico deixa em aberto. Ilíada é um relato sobre a guerra entre gregos e troianos, verdade. Mas é também um drama profundo. E o filme consegue intensificar toda a tragédia homérica através dos personagens selecionados para a adaptação. Para notar as novas cores basta olhar através dos protagonistas, Aquiles e Heitor.

Aquiles quer a imortalidade. Não aquela que lhe permita viver para sempre. Não. Essa imortalidade ele despreza, louvando o fato de que pode morrer a qualquer instante, de que cada momento pode ser o último. Com esse pensamento, sua vida é intensa. E seu empenho é a busca pelo renome, pela glória, pelo fato de, muitos anos depois de sua época, todos saberem quem foi Aquiles ─ esta é a sua querida imortalidade. A imortalidade do nome. Para isso, ele vai à Troia guerrear por um rei que despreza. No final, consegue a imortalidade.

Já Heitor, patriota, participa da guerra porque tem de defender sua terra. Antes, demonstra sua aversão ao evento, como se estivesse com medo. E está! Mas não por si: Heitor viveu outras guerras e sabe o destino escuro que aguarda muitos homens e o luto pesado de seus familiares. Para ele, não há glória na guerra. Não há nada que justifique tal ato. A paz era sua ambição, ao lado da mulher, vendo seu filho pequeno se tornar homem, vendo seu país prosperando e seu povo alegre. No final, não vê nada disso.

Daí, lá vem os secundários Pátroclo e Páris. O diretor teve a licença criativa para alterar uma ou outra coisa nesses personagens, tudo para trincar de forma mais impactante sua trama inteligente. Homero acenaria em total acordo.

Primeiro, Pátroclo, amigo de Aquiles (primo, no filme). Ele é o guerreiro perfeito, que acredita na causa pela qual luta: por Aquiles e por seu povo. Aquiles, por sua vez, luta por si só e menospreza o rei Agamenon. Pátroclo não, e chega a repreender Aquiles por não ver no outro a honra de servir o rei. Pátroclo, com todo seu espírito guerreiro e conduta imaculada, daria muito certo se tivesse como amigo (ou primo) Heitor, que também luta por seu povo. Aquiles, num primeiro momento, não deixa Pátroclo lutar por considerá-lo jovem demais. Heitor não faria isso. Antes, olharia para o fervor e confiança do jovem e daria a ele a oportunidade de mostrar o que sabe no campo de morte. Aqui vemos uma amostra da estupidez irônica da guerra ─ de quando inimigos, em outras circunstâncias, poderiam ser amigos.

Quase o mesmo acontece com Páris, irmão de Heitor. De certo modo, o cara que inicia toda a guerra, ao “sequestrar” Helena, grega, compromissada com Menelau, irmão do rei Agamenon. Menelau quer recuperar a mulher e Agamenon aproveita o adultério como desculpa para conquistar Troia. Daí começa a guerra. Páris, o autor. No seu egoísmo apaixonado, deseja lutar contra Menelau, por Helena (e não por Troia, veja bem!), mas no fim recua, temendo a morte. Antes disso, pensara em fugir de Troia com sua paixão, mas era tarde demais ─ os gregos já estavam às portas, prontos para a refrega sangrenta. Vemos um jovem movido pelo sentimento, que não consegue ter a mesma visão altruísta do irmão, de pensar no povo, na pátria. Acima disso tudo, está o seu amor por Helena. E ele estaria errado por amar tão intensamente? E Aquiles? Estaria errado ao menosprezar tudo a sua volta para, no fim, alcançar seu objetivo? Páris e Aquiles são dois personagens diferentes, em lados opostos, mas movidos por uma busca pessoal intensa. O mesmo sentimento que Aquiles demonstra ao dizer que a vida mortal é uma bênção, que permite viver cada momento como se fosse o último, paira sobre o apaixonado e desesperado Páris. Por esse prisma, eles poderiam ser grandes camaradas, certo?

E a máxima da tragédia grega, depois de ver essas novas cores, é a sincronia de morte envolvendo esses personagens: Heitor mata Pátroclo, Aquiles mata Heitor e Páris mata Aquiles!

Leitor, se está comigo até aqui, ouça o meu conselho final: revisite Troia, vale a pena. Se nunca viu o filme, veja. Tem muita riqueza lá, além desses personagens que mencionei (tem Agamenon e suas tiradas cheias de humor; Príamo e sua cena diante de Aquiles; Briseida e os seus dilemas; Glauco e o seu discurso antes de morrer perante Ulisses ─ um combate ligeiro entre um certo Stark e um velho Mormont). E se, por um acaso, você for amante de fantasia, faça um imenso favor a sua bagagem literária: vá ler Homero, a pedra filosofal de muitos escritores e sagas de renome. Eu comecei pela Odisseia do “Ulisses de mil ardis”; aventura fácil de acompanhar, com começo-meio-e-fim e foco apenas em alguns personagens. A Ilíada é um poema mais difícil, com muitos personagens e uma guerra estendida, além de não ter um final... Mas seja este ou aquele poema, fica aqui minha forte recomendação.

Assim falando, o glorioso Heitor foi para abraçar o seu filho,
mas o menino voltou para o regaço da ama de bela cintura
gritando em voz alta, assarapantado pelo aspecto de seu pai amado
e assustado por causa do bronze e da crista de crinas de cavalo,
que se agitava de modo medonho da parte de cima do elmo.
Então se riram o pai amado e a excelsa mãe:
e logo da cabeça tirou o elmo o glorioso Heitor,
e deitou-o, todo ele coruscante, no chão da casa.
Em seguida beijou e abraçou o seu filho amado
e a Zeus e aos outros deuses dirigiu esta oração:

“Ó Zeus e demais deuses, concedei-me que este meu filho
venha a ser como eu, o melhor entre os Troianos; que seja tão
ilustre pela força e que pela autoridade seja rei de Ílion (Troia).
Que no futuro alguém diga ‘este é muito melhor que o pai’”
─ Canto VI. Versos 466-479
Então Licáon com uma mão tocou-lhe os joelhos em súplica,
enquanto com a outra agarrava a lança afiada e não a largava.
E falando-lhe proferiu palavras aladas:

“Peço-te pelos teus joelhos, ó Aquiles. Respeita-me e tem pena
de mim. Perante ti, ó tú criado por Zeus, sou suplicante venerando.
...
Agora ao meu encontro virá a morte. Pois não creio
que escaparei das tuas mãos, visto que nelas me pôs um deus.
Mas outra coisa te direi e tu guarda-a no teu espírito:
não me mates, pois não nasci do útero donde nasceu Heitor
que matou o teu companheiro, tão bondoso e tão valente.”

Assim lhe falou o glorioso filho de Príamo com palavras
de súplica; mas não foi voz branda que ouviu em resposta:
“Tolo! Não me ofereças resgates nem regateis comigo.
Antes de a Pátroclo ter sobrevindo o dia do seu destino,
sempre me era mais agradável ao espírito poupar
os Troianos; e muitos levei eu vivos para vender noutro lado.
Mas agora nem um fugirá à morte, de todos os que o deus
me lançar nas mãos à frente das muralhas de Ílion (Troia):
nem um dentre todos os Troianos, muito menos os filhos de Príamo.
Não, querido amigo: morre tu também. Por que choras por nada?
Também morreu Pátroclo, que era muito melhor que tu.
E não olhas para mim e não vês como sou alto e belo?
Mas também para mim virá a morte e o fado inelutável.
Chegará a aurora, a tarde ou então o meio-dia
em que em combate alguém me privará da vida,
quer atirando a lança ou disparando uma flecha.”
─ Canto XXI. Versos 71-75, 92-113

quarta-feira, 16 de julho de 2014

GdTRPG: Jaime

Sor Jaime Lannister
Guerreiro Adulto

HABILIDADES
Agilidade 4
Atletismo 6 (Força 3B)
Guerra 3 (Comandar 1B)
Idiomas 3 (Comum)
Lidar com Animais 5 (Cavalgar 3B)
Luta 7 (Lâminas Longas 4B, Lanças 2B)
Persuasão 3 (Provocar 1B)
Status 5 (Criação 1B, Torneios 1B)
Vigor 4 (Resistência 1B, Vitalidade 1B)

QUALIDADES
Pontos de Destino 2
Benefícios: Cavaleiro de Torneios, Lutador com Lâminas Longas I, Lutador com Lâminas Longas II, Lutador com Lâminas Longas III, Membro da Guarda Real,  Sangue dos Andals (Luta), Talentoso (Luta)
Desvantagens: Ignóbil, Odiado

COMBATE
Iniciativa: Agilidade 4D (-6 com armadura)
Movimento/Corrida: 4/16 (3/9 com armadura, 2/4 com armadura e escudo)
Saúde: 12
Defesa em Combate: 12 (-6 com armadura, +4 com escudo)
Armadura: Placas (Valor: 10; Penalidade -6; Volume 3)
Ataque: Espada Longa (7D+4B+2; Dano 7; Superior), Escudo Grande (6D+1; Dano 4; Defensiva +4, Volume 1), Lança de Guerra (7D+1B+1; Dano 12; Cruel, Empalar, Lenta, Montada, Poderosa, Volume 2)

INTRIGA
Iniciativa: Status 3D
Compostura: 8
Defesa em Intriga: 9

domingo, 13 de julho de 2014

Metal holandês



Assim como o metal alemão, o holandês consegue deixar o ouvinte tenso rapidamente, mas, no fim de tudo, não é chegado a grandes espetáculos. São apenas três estrelas, mas que não deixam de demonstrar a boa sonoridade dos Países Baixos.

Começa com o Epica. A mistura do sinfônico com o progressivo somado à uma vocalista ofuscante de timbre melódico, as vezes lírico, é tão perfeita (a mistura, veja bem Pasquale) quanto a capacidade de manter incrível velocidade e domínio de bola ao mesmo tempo como se fosse a coisa mais simples da vida. Bela banda.  


terça-feira, 8 de julho de 2014

Metal alemão

É de uma sonoridade matadora. Em poucos minutos consegue deixar o ouvinte tenso. Qualidade sete estrelas.

Veja o Accept, por exemplo. Abre o espetáculo já causando terror.