domingo, 5 de julho de 2020

Caído

O mundo gira... até que ele se encontre no não-espaço, no não-tempo: o local supremo da criatividade. Com um pouco de memória, ele começa o serviço. Sobre os seus ombros está a luz dura, quase divina, da criação. Mas é um trampo pesado, caótico, ele se desencontra, mas em algum momento acha foco. Olhos bem abertos: ele pode ver algo que não podemos. Ao trabalho, mãos no detalhe; pois você sabe quando alguém está fazendo algo direito com base na agilidade das mãos. O júbilo ao concluir, o êxtase; ninguém ali para contemplar aquela glória, pois é como a canção diz, estamos sozinhos e não há celebração para o condenado. Tudo bem. Após o êxtase, a contemplação do fim. Agora a luz é outra: a luz quente da destruição. Ele queima a própria criação. Qual o sentimento nisso? Ele parece liberto de uma ideia, de significados, do passado; ele parece satisfeito. Caído, criou e destruiu e se libertou. É isso?

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