quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O kriptoniano numa obra prima de filme

Duro é a fila que, em época de férias, testa em que nível anda o bom humor do fã. 80 metros mais tarde, vem a segunda etapa do teste: o preço... Por Kripton! Esses preços aumentaram ou eu estou ficando velho ou as duas coisas? E nem com definição de última linha ou coisa do tipo. Mas beleza. Esperei, paguei e fui ver o Homem de Aço.

Me surpreendi com o Russel Crowe, o Jor-El, é 49 anos de puro atletismo: atira em todo mundo, cavalga uma fera alada, dá combos na fuça do vilão Zod. É o primeiro ponto bacana do filme.

O visual é outra coisa impressionante, desde o solzão infernal no horizonte do planeta moribundo até o metal de partículas que compõem os computadores e mecanismos avançados. Adicione ainda nesse tópico o fator destruição de quando uma explosão acontece num tipo de flashfoward no meio do dialogo entre Zod e o Super. O nível Dragon Ball Z é absurdo, de quando o herói resolve peitar um cara maior que ele e uma comandante ágil num bairro popular. O asfalto da rua salta fora, grossas paredes de enormes edifícios são violados como se fossem feitos de papel molhado, prédios vacilam, veículos aéreos de militares que se intrometem na treta explodem e caem e explodem de novo. Lindo. Tudo desfocado por causa dos rápidos saltos e vibrando em razão dos poderosos impactos. Nem dá pra respirar quando tudo isso acontece.

Na verdade, só dá pra respirar em três ou quatro cenas de quando Clark está com a família, num flashback. Fora isso a coisa toda segue num frenesi nas quase duas horas de obra prima cinematográfica. O filme consegue apresentar o herói de forma rápida, sem te deixar bocejar em momento algum e ao mesmo tempo sem comprometer o entendimento do publico de qualquer idade. Bela narração, bela forma de conduzir a estória.

Não sei até que ponto o Christopher Nolan influenciou o filme, mas uma característica dele que fez dos Batman algo diferente, é um certo realismo e a tal participação de seres humanos num filme de herói. Digo, nos Batman você imagina que o herói conseguirá salvar sua amada da armadilha do Coringa. Você crê nisso, afinal, é um filme de herói. Mas Nolan surpreende matando a moça e destruindo as convicções do herói, dando a ele o fator humano da frustração, aproximando ele do publico por causa do realismo. As HQ’s fazem isso, mas não é sempre que algo assim acontece num filme de herói. Daí em Homem de Aço, num momento de desespero, o herói faz algo contra seu código de honra. É um choque para todos ─ é o realismo. Foi bom, mas deve ter magoado pais nostálgicos que levaram, na maior boa vontade, seus filhos para verem a nova franquia do herói que antigamente não faria algo do tipo.

Sobre a participação de humanos num filme de herói, podemos ver no terceiro filme do Batman que humanos possuem funções importantes, não deixando todas as câmeras encima do protagonista, dividindo o fardo do senhor Wayne. Em Homem de Aço uma equipe de militares num jato ligeiro ganham destaque quando conseguem, num sacrifício louvável, causar dano no inimigo que veio dominar a Terra.

A dominação também traz traços de realismo. Não é que nem nos Vingadores em que a conquista acontece numa única avenida cheia de taxis e carros econômicos que sofrem explosões no escapamento e são atirados no ar, dando cambalhota aérea e indo parar encima de um carro adjacente ao passo que pessoas correm nas calçadas sem nunca imaginarem a possibiladade de dobrar uma esquina e evitar a destruição que ocorre na avenida principal. Ah, e essas pessoas correm e correm e não são atingidas ─ você não vê corpos. O mundo tá acabando e você não corpos!

NÃO! Em Homem de Aço prédios caem em cima de pessoas que correm para escapar do Armageddon mesmo que tenham de pisotear os pobres diabos que tropeçaram na hora da fuga. Um pedaço de prédio aprisiona a coadjuvante e não há herói para salvá-la, antes, o próprio Morfeu, digo, o jornalista editor da senhorita Lane, que tem de resolver a parada sem nem saber como. Os humanos são entregues aos próprios problemas.

E há Zod. O perfeito general, o grande patriota. Mente inabalável, devoção, lealdade. Falhou no passado, quando tentou resgatar Kripton a sua maneira. E, depois da queda, se ergueu assumindo o legado de salvar a memória de seu amado planeta e povo, mesmo que para isso outro povo deva sucumbir. Quando sua grande expectativa cai por terra, seu espirito de luta por uma causa maior definha e morre. Nasce, então, um novo espírito de luta para compensar sua frustração, uma motivação a punir alguém por sua falha particular, um desejo de causar dor. No fim, Zod não é diferente de um humano. Ótimo vilão.

Ótimo filme. Reviveu o personagem para os velhos de guerra e o apresentou (tal como um primeiro Homem de Ferro e Batman) à novos fãs.

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