domingo, 22 de dezembro de 2019

Blade Runner uma vez mais


Em um mundo tão globalizado, com indianos cantando, com comida japonesa e uísque americano, com trilha hebraica (?) e Coca-Cola, os humanos do filme moram sozinhos em silenciosos quartos escuros. Rutge Hauer, no seu androide Roy, é mais expressivo que qualquer outro humano do filme — eles, explica Bryant lá no começo, estão desenvolvendo emoções... e quando sentem, sentem com todas as forças. O triunfo de Roy nesse mundo em que faz parte é, na morte inevitável que ele sabia que chegaria ("tempo... o bastante" — na cena ao telefone), sentir-se vivo... e, depois de toda uma demonstração de vida, chorar no mais incrível e poético momento do filme, quando não vemos suas lágrimas, mas sabemos que elas estão lá. Só o fato de ele estar ali, entre humanos, mostra como ele venceu sua programação, como experimentou ser algo a mais do que foi projetado para ser, e então morreu livre, o que o mesmo que morrer em glória.

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