domingo, 8 de dezembro de 2019

Ad Astra, do James Gray

O roteiro, a direção... não há nenhum esforço aqui para que você goste do protagonista. Roy é feito de uma matéria sombria. Ele não se conecta, é indiferente. Você leva uma hora de filme para entrar, um pouco, na mente dele. Uma hora que testa você: ou larga e vai assistir outra coisa ou continua nesse mergulho sem piscar. 

É herança do pai. Essas trevas. Essas trevas no Espaço e nos espaços, nos monólogos, no silêncio. Como uma doença, que já tomou conta de um sublime e alquebrado Tommy Lee Jones — ele, Clifford, dedicou tudo na busca por vida extraterrestre, mas não se engane: a busca é, na verdade, pela própria vida. Não encontrou.

Agora é Roy lidando com essa doença, saindo pelo Espaço em busca de um pai perdido. Em seu monólogo, é como se Roy soubesse que encontrar o pai é o mesmo que encontrar a si mesmo. Sua jornada é uma tentativa de se conectar — partindo logo para o mais difícil: o pai e a si mesmo. Se Roy consertar o pai, será que pode se tornar uma pessoa melhor?

Mergulho. Netuno — oceanos — subconsciente.

Ali, no fim, Roy poderia desistir junto com Clifford... Mas antes ele tinha dito "não quero ser como meu pai", de modo que escolhe submergir do profundo. Mas ele não deixa de ser quem é. Roy resolveu um frame de sua vida, isso não o transforma radicalmente. Mas ao menos ele entendeu um pouco sobre a origem das trevas, sobre a matéria de que é feito.

Um filme interessante.

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