quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Uma Lição na Arte de Manejar a Espada

Recentemente me lembrei sem querer de uma fábula que conheci em 2008. É uma estória simples, que pode até ter certa similaridade com alguma outra estória famosa do gênero, em algum ponto.

Sempre quando conto esse conto, eu aumento uns dez pontos. Isso porque essa fábula, no dia que a conheci, veio a me ensinar muita coisa com tão pouco. Logo, tenho um fascínio maluco ao narrá-la para alguém. Enfim, resolvi trazê-la pra cá. Segue:


Uma lição na arte de manejar a espada

Matajura queria tornar-se um grande espadachim, mas seu pai dizia que ele não era suficientemente hábil e nunca poderia aprender.

Matajura procurou então o famoso Mestre de espada Banzo, e pediu para tornar-se seu aluno.

“Quanto tempo levará até que eu me torne um Mestre?”, ele perguntou; “Suponha que eu me torne seu servidor, para viver ao seu lado todos os minutos do dia; quanto tempo levará?”

“Dez anos”, disse Banzo.

“Meu pai está ficando velho. Antes que tenham passado dez anos terei que retornar para cuidar dele. Suponha que eu trabalhe o dobro do normal. Quanto tempo levará?”

“Trinta anos”, disse Bazo.

“Como assim?!”, perguntou Matajura; “Antes você disse dez anos. Agora quando me proponho a trabalhar duas vezes mais intensamente, você diz que será necessário três vezes mais tempo? Deixe-me esclarecer isto: trabalharei sem cessar, nenhum trabalho será duro demais pra mim. Quanto tempo levarei nestas condições?”

“Setenta anos”, disse Banzo; “Um aluno com tanta pressa aprende muito lentamente!”

Matajura compreendeu.

Sem pedir promessas em termos de tempo, tornou-se servidor de Banzo. Ele limpava, cozinhava, lavava e cuidava do jardim. A ordem que recebera de Banzo era de nunca falar sobre duelos e jamais tocar numa espada. Matajura estava muito triste com essas condições, mas como tinha dado sua palavra ao mestre, resolveu manter a promessa.

Passaram-se assim três anos.

Um dia, enquanto estava trabalhando no jardim, Banzo aproximou-se suavemente por trás e deu-lhe uma tremenda pancada com a espada de treinamento, feita de madeira.

No dia seguinte, na cozinha, a cena repetiu-se. A partir dessa data, dia sim, dia não, em qualquer lugar e a qualquer instante, Matajura era perseguido pela espada de treinamento de Banzo.

Matajura aprendeu a estar sempre alerta, atento a sua própria sombra, pronto a esquivar-se a cada instante. Tornou-se um corpo sem desejos e sem ansiedade, somente uma eterna atenção e vivacidade. Banzo sorriu, e somente então iniciou as lições de espada.

Em pouco tempo Matajura transformou-se no maior espadachim do Japão.

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