sábado, 5 de novembro de 2016

Sobre narrar RPG depois de tanto tempo sem narrar RPG

Depois dos primeiros 23 minutos e 32 segundos você já está desidratado, cansado, parece que está perdendo calorias a cada respiração. Você não vê o relógio, mas acha que os ponteiros estão correndo loucos, sabotando o seu timing de quatro horas planejadas. Você acha que está suando muito. Nervoso, esquece de falar a aparência de um dos principais npc's e, pior, mal concede um momento para os jogadores interagirem entre eles. Nota esses deslizes tão tarde que já nem liga, pois aí já está percebendo outras falhas. Você tem uma colinha, um roteiro meia boca anotado, mas nem olha, nem confere, apenas continua narrando enquanto pensa que nunca mais vai narrar, que é trabalhoso demais e você já não tem cérebro para essas coisa, tá enferrujado, mais divertido mesmo é só jogar, interpretar um único personagem e tal. Contar histórias é penoso, dói os músculos todos, afrouxa as cordas na garganta, credo, por que alguém topa ser narrador de RPG? Saí fora! Quando acaba parece que você completou uma corrida ou fez a janta sem sujar a cozinha ou acertou no presente de aniversário de fulano: ufa! Despedida total. Depois dessa você pode se meter numa caverna por uns 54 anos. Acabou. 

Chega em casa, joga as parafernálias rpgísticas por aí, uma delas chama sua atenção, você se lembra da cena, pensa o que poderia ter mudado, é, dava pra fazer assim e não assado, talvez se diminuir o desafio nessa cena pudesse aumentar o tempo de interação naquela outra, alguns limites aqui, escopo mais aberto ali, mais diálogo, mais explicação, sim, dava, e aquela ponta solta poderia ser resolvida assim e assim, verdade, talvez em outra história, é, isso, em outra one shot, um puxadinho dessa, puts, dá pra fazer!, já é, tá tudo ali, só precisa acertar algumas coisas, rascunhar o miolo, eita, boa, boa. 

Corre e tecla pro parceiro de mesa: to com uma nova sessão em mente aí, coisa de quatro horas de jogo, por aí rs. Se pá fds que vem, hm

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