domingo, 29 de novembro de 2020

Profundamente arraigada

Qualquer coisa fora de você é o que você enxerga e nisso pode aplicar sua lógica. Mas é uma característica humana que, ao confrontarmos problemas pessoais, as coisas mais pessoais e profundas sejam as mais difíceis de submeter à análise da lógica. Nossa tendência é andar às cegas por aí e jogar a culpa em tudo e todos, menos na coisa profundamente arraigada que de fato está nos roendo. 

— Frank Herbert, no Duna

sábado, 14 de novembro de 2020

Dealing With Demons I, do Devildriver

Os caras do Devildriver sabem que o inferno está vazio porque os demônios estão todos aqui, e sabem também que Deus ainda está em Seu sétimo dia e sem previsão pra acordar, então estamos por conta e precisamos saber a etiqueta certa no trato com todo tipo de cães baixos, daí a necessidade desse álbum, obrigado.

"Keep away from me" quase transforma o trampo em um disco de uma música só; numa primeira escutada, ela ofusca todo o resto e reina no repeat; a trilha para a caminhada, para os dentes trincados, para o punho cerrado. Mas um pouco depois você aprende a amar as bonitas "Nest of vipers" e "Wishing", deve funcionar bem com novos ouvintes. E depois de semanas, você percebe que tem ouro escondido na "Vengeance is clear".

Em 2021 chega a parte 2 deste trato. Necessário.   

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Em ruínas, o grito

Então aquele silêncio distinto, imenso vazio dentro da tarde, provocou nele primeiro um sentimento de desconforto. Em seguida, veio a insegurança, a dúvida sobre sua situação. Estava na sua própria cidade, ou caíra de repente dentro de um pesadelo? Quando o homem duvida, o seu mundo cai em ruínas, desaparecem os pontos de apoio, os suportes familiares e ele se balança como boneco João-teimoso. 

O desconforto surgiu e ele teve vontade de gritar. Mas, se gritasse, iriam achar que ele estava louco. Loucos são eliminados dos grupos normais. Ele queria gritar. O ar que enchia o seu corpo precisava ser expelido. Sentia-se como o pneu que suporta vinte e duas libras e está com trinta e cinco, a ponto de estourar. Os músculos do seu peito, a carne toda, doíam, dentro da tensão. Então, gritou. 

— No conto com cara de crônica O homem que gritou em plena tarde, do Ignácio de Loyola Brandão

domingo, 8 de novembro de 2020

Under A Godless Veil, do Draconian

Agnosticismo em pauta nesse disco.

Meu sangue é pouco: será que tem uma forma de injetar a pesada "The sacrificial flame" nas veias? Bem enquanto descanso meu corpo em decadência e uivo contra um deus que inventou morte, desgosto e dor. Será? Não sei. Divago. Divago de olhos fechados com "Sleepwalkers". Olhos fechados e outros sentidos nublados. Isso porque você não escuta a voz de Heike Langhans com a audição, não mesmo. Quando ela canta, espíritos se dobram. 

Forte destaque para "Moon over Sabaoth" e "The sethian". 

Susano Correia uma vez disse que a melancolia produz mais arte que a raiva, e talvez seja verdade. E o Draconian não vê problemas em unir as duas coisas.