quarta-feira, 24 de junho de 2015

Djoana, com D mudo (ou Controle de Rosto)

Ela estava na janela do apartamento quando Tchurum, com T mudo, apareceu lá embaixo. O homenzinho saiu da caminhonete com aquele eterno palito entre os lábios, levando debaixo do braço uma caixa vermelha. Foi abrindo a loja, deu bom dia pra uma senhora que passava e entrou. Por que ele atrasou tanto hoje?

Djoana, com D mudo, que estivera esperando por 20 impacientes e suarentos minutos, saiu da janela e desceu pelas escadas, de dois em dois degraus. Na rua, parou de correr e disfarçou. Atravessou normalmente e foi entrando na loja do Tchurum como qualquer cliente rotineira nada ciente das vendas especiais que ele fazia.

Ele já tinha sumido com a caixa vermelha.

─ Bom dia dona Djoana ─ disse Tchurum, embora ela o tivesse visto primeiro.

“Dona” Djoana ainda tinha 25 anos, por isso ficou irritada em ser chamada assim, por mais que fosse conhecimento geral que Tchurum chamava todas de “dona”. Ela não respondeu o homenzinho ─ sua forma amarga de punição imediata automática. E também não o fez porque não tinha tomado as Saudações de hoje. Foi logo dizendo:

─ Preciso de um Controle de Rosto.

Tchurum desviou o olhar, escapando.

─ Acabou ─ disse. 

─ Mentira ─ retrucou ela.

Tchurum se desvencilhou, indo para trás do balcão onde se sentia mais corajoso.

─ É verdade, dona. Já faz duas semanas que acabou. E além disso, estou parando de vender essas coisas. Se algum civiltar me pega, tenho que explicar um monte de coisa e posso até perder meu negócio. 

Djoana não ouviu direito depois do “dona”.

─ Eu tenho dinheiro, me dá uma cartela! Eu sei que você tem. Ei! Olha pra mim! Anda, não disfarça não! Mostra.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Nota sobre adaptações M&M

Normalmente, uso apenas o livro básico pra criar as adaptações. Mas tenho lido o Manual do Malfeitor e me sentido atraído pelos estilos de luta, de modo que resolvi adotar aqueles conjuntos de Feitos nas adaptações.

Isso significa que deixei de simplesmente jogar os Feitos de combate nos personagens. Agora, por exemplo, um Demolidor teria os conjuntos de Feitos do estilo Boxe e Kali, ao passo que uma Viúva Negra teria manobras de Jiu-Jítsu. Não somente, claro: eles teriam outras manobras, afinal nem Boxe nem Kali listam Luta Cega, algo que o Demolidor teria.

terça-feira, 16 de junho de 2015

M&M & Marvel: Punho de Ferro

Daniel 'Danny' Thomas Rand-K-ai
Nível 11

HABILIDADES [40p]
Força: 18 (+4); Destreza: 18 (+4); Constituição: 18 (+4); Inteligência: 14 (+2); Sabedoria: 18 (+4); Carisma: 14 (+2).

SALVAMENTOS [16p]
Resistência: 8; Fortitude: 8; Reflexos: 8; Vontade: 8.

COMBATE [40p]
Iniciativa: 12; Defesa: 22 (16 Desprevenido); Ataque: 8 (14 corpo a corpo); Dano: Desarmado 4, Golpe 8 (crítico 15-20).

PERICIAS [112 graduações, 28p]
Acrobacia 12 (+16); Arte da Fuga 8 (+12); Blefar 8 (+10); Concentração 12 (+16); Conhecimento: Arcano 4 (+6), Negócios 8 (+10); Escalar 8 (+12); Furtividade 8 (+12); Intimidar 8 (+10); Intuir Intenção 8 (+12); Nadar 8 (+12); Notar 10 (+14); Sobrevivência 8 (+12); Idiomas 2 (K'un-Lun, Mandarin, base: Inglês). 

FEITOS [43p]
Agarrar Aprimorado; Agarrar Preciso; Alvo Esquivo; Armação; Arremessar Aprimorado; Ataque Acurado; Ataque Atordoante; Ataque Defensivo; Ataque Dominó 2; Ataque Furtivo; Ataque Imprudente; Ataque Poderoso; Avaliação; Blefe Acrobático; Bloquear Aprimorado 2; Contatos; De Pé; Defesa Aprimorada; Derrubar Aprimorado; Desarmar Aprimorado; Equipamento 4; Evasão; Foco em Ataque (corpo a corpo) 6; Imobilizar Aprimorado; Iniciativa Aprimorada 2; Luta Cega; Prender Arma; Quebrar Aprimorado; Quebrar Arma; Resistência Suprema; Tolerância; Transe.

PODERES [13p]
  • Fortalecer 5 (todas as Habilidades ao mesmo tempo; Falha: Pessoal [-1]; Poderes Alternativos: Fortalecer Cura, Golpe 4 [Feitos: Crítico Aprimorado 5, Pujante; Extra: Penetrante [+1]; Falha: Cansativo [-1]]; 12p)
  • Super Sentidos 1 (Sentido Adicional: Percepção de efeitos místicos [mental]; 1p)

Habilidades 40 + Salvamentos 16 + Combate 40 + Perícias 28 (132 graduações) + Feitos 43 + Poderes 13 = 180 pontos.

terça-feira, 9 de junho de 2015

M&M & Marvel: Cable

Nathan Christopher Charles Summers
Nível 13

HABILIDADES [40p]
Força: 18/22 (+4/+6); Destreza: 16 (+3); Constituição: 20 (+5); Inteligência: 16 (+3); Sabedoria: 16 (+3); Carisma: 14 (+2).

SALVAMENTOS [19p]
Resistência: 10 (2 Impenetrável); Fortitude: 11; Reflexos: 8; Vontade: 11 (18 contra efeitos mentais).

COMBATE [40p]
Iniciativa: 7; Defesa: 20 (15 Desprevenido); Ataque: 10; Dano: Desarmado 4/6, Faca 5/7, Pistola 4, Fuzil 8, Objetos arremessados por Telecinesia 16, Rajada Mental 16.

PERICIAS [180 graduações, 44p]
Arte da Fuga 8 (+11); Blefar 8 (+10); Computadores 8 (+11); Concentração 8 (+11); Conhecimento: Ciências biológicas 4 (+7), Táticas 8 (+11), Tecnologia 8 (+11); Desarmar Dispositivo 8 (+11); Dirigir 8 (+11); Escalar 8 (+12); Furtividade 8 (+11); Intimidar 12 (+14); Intuir Intenção 8 (+11); Investigar 8 (+11); Medicina 4 (+7); Nadar 8 (+12); Notar 8 (+11); Obter Informação 8 (+10); Ofício: Mecânica 4 (+7), Eletrônica 4 (+7); Pilotar 8 (+11); Procurar 8 (+11); Sobrevivência 12 (+15).

FEITOS [36p]
Agarrar Aprimorado; Assustar; Ataque Imprudente; Ataque Poderoso; Bem Informado; Bloquear Aprimorado; Derrubar Aprimorado; Desarmar Aprimorado; Duro de Matar; Equipamento 18; Estrangular; Iniciativa Aprimorada; Inspirar; Liderança; Memória Eidética; Plano Genial; Rastrear; Saque Rápido; Trabalho em Equipe.

PODERES [181p]
  • Escudo Mental 7 (7p)
  • Forma Astral 9 (Feitos: Sutil, Dimensional [Transição e Sonhos]; Falha: Cansativo [-1]; 38p)
  • Rajada Mental 16 (Falha: Cansativo [-1]; 48p)
  • Telecinesia 16 (Feitos: Dinâmico, Preciso; Extra: Dano [+1]; Falha: Cansativo [-1]; Poderes Alternativos Dinâmicos: Deflexão, Campo de Força; 38p)
  • Telepatia 10 (Comunicação Mental 10 & Leitura Mental 10; Feitos: Seletivo, Sutil; Extras: Ação Livre [+2], Área [+1]; Falha: Cansativo [-1]; 42p)
  • Vírus Tecnorgânico 2 (Falha: Limitado ao braço esquerdo [-1]; 8p)
    • Densidade 2 [Força +4, Proteção Impenetrável 1; Extra: Duração Contínua [+1]; Falha: Permanente [-1]]
    • Proteção 1 [Extra: Impenetrável [+1]]
    • Imunidade 2 [Acertos críticos]


EQUIPAMENTOS [90pe]
Traje (Resistência +3; 3pe)
Faca (Dano +1, Crítico 19-20, 3m; 4pe)
Pistola pesada (Dano +4, Automático, 12m; 12pe)
Fuzil energético (Dano +8, 24m; 16pe)
+55pe

Habilidades 40 + Salvamentos 19 + Combate 40 + Perícias 44 (180 graduações) + Feitos 36 + Poderes 181 = 360 pontos.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

O homem que viu o lagarto comer seu filho, de Ignácio de Loyola Brandão

Era uma noite de terça-feira, e eles viam televisão deitados na cama. Quase uma da manhã, estava quente. Ele levantou-se para tomar água. A casa silenciosa, moravam num bairro tranquilo. Não havia ruídos, poucos carros. Ao passar pelo quarto das crianças, resolveu entrar. Empurrou a porta e encontrou o bicho comendo o menino mais velho, de três anos e meio. Era semelhante a um lagarto e, na penumbra, pareceu verde. Paralisado, não sabia se devia entrar e tentar assustar o animal, para que ele largasse a criança. Ou se devia recuar e pedir auxílio. Ele não sabia a força do bicho, só adivinhava que devia ser monstruosamente forte. Ao menos, forte demais para ele, franzino funcionário. E meio míope, ainda por cima. Se acendesse a luz do corredor, poderia verificar melhor que tipo de animal era. Mas não se tratava de identificar a raça e sim de salvar o menino. Ele tinha a impressão de que as duas pernas já tinham sido comidas, porque os lençóis estavam empapados de sangue. E a calça do pijama estava estraçalhada sob as garras horrendas do bicho repulsivo. Como é que uma coisa assim tinha entrado pela casa adentro? Bem que ele avisava a mulher para trancar portas. Ela esquecia, nunca usava o pega ladrão. Qualquer dia, em vez de um bicho, haveria um homem roubando tudo, a televisão colorida, o liquidificador, as coleções de livros com capas douradas, os abajures feitos com asas de borboletas, tão preciosos. Pensou em verificar as portas, se estavam trancadas. Porém, percebeu um movimento no animal, como se ele tentasse subir para a cama. Talvez tivesse comido mais um pedaço do menino. Precisava intervir. Como? Dando tapinhas nas costas do lagarto — não lagarto? Não tinha antas em casa e o cunhado sempre dizia que era coisa necessária. Nunca se sabia o que ia acontecer. Ali estava a prova. Queria ver a cara do cunhado, quando contasse. Não ia acreditar e ainda apostaria duas cervejas como tal animal não existia. Pode, um lagartão entrar em casa através de portas fechadas e comer crianças? Olhou bem. Comer crianças não era normal, nem certo. Devia ser uma visão alucinada qualquer. Não era, O bicho mastigava o que lhe pareceu um bracinho e o funcionário teve um instante de ternura ao pensar naqueles braços que o abraçavam tanto, quando chegava do emprego à noite. Uma faca de cozinha poderia ser útil? Mas quanto o bicho o deixaria se aproximar, sem perigo para ele, o homem? Tinha de impedir o lagarto de chegar à cabeça. Ao menos isso precisava salvar. Não conseguia dar um passo, sentia-se pregado à porta. Preocupava-se. Todavia não se sentia culpado. Era uma situação nova para ele. E apavorante. Como reagir diante de coisas novas e apavorantes? Não sabia. Preferia não ter visto o lagarto, encontrar a cama vazia, as roupas manchadas de sangue. Pensaria em sequestro ou coisas assim que lia nos jornais. Sequestro o intrigaria, uma vez que ganhava pouco mais de dois salários mínimos e não tinha acertado na loteria esportiva. Era apenas um funcionário dos correios que entregava cartas o dia todo e por isso tinha varizes nas pernas. Se gritasse, o lagarto iria embora? Continuou pensando nas coisas que podia fazer, até que a mulher chamou, uma, duas vezes. Depois ela gritou e ele recuou, sempre atento para saber quanto o bicho tinha comido do filho. À medida que recuou perdeu a visão do quarto. Sentindo-se aliviado, pelo que não via. A mulher chamava e ele pensou: o menino não chorou, não deve ter sofrido. Voltou ao quarto ainda com esperança de salvá-lo pela manhã e decidiu nada dizer à mulher. Apagaram a luz, ele se ajeitou, cochilou. Acordou sentindo um cheiro ruim e quando abriu os olhos viu sobre seu peito a pata, parecida com a do lagarto. Paralisado, não sabia se devia tentar assustar o animal, ou tentar sair da cama e pedir auxílio. Pelo peso da pata, o bicho devia ser monstruosamente forte. Ao menos, forte demais para ele, franzino funcionário. Aí se lembrou que tinha dois sacos de cartas a entregar, era época de Natal e havia muitos cartões das pessoas para outras pessoas dizendo que estava tudo bem, felicidades. Tinha que tirar este bicho de cima. Não, hoje não haveria entregas. Nem amanhã, por muito tempo. O lagarto estava com metade de sua perna dentro da boca.

Tá lá no livro Cadeiras Proibidas, mas foi do site Projeto Releituras que eu peguei.