segunda-feira, 19 de setembro de 2016

— Que lhe parece que possa ter matado aqueles homens, Gered?

— Foi o frio — disse Gered com uma certeza férrea. — Vi homens congelar no inverno passado e no outro antes desse, quando eu era pequeno. Toda a gente fala de neve com doze metros de profundidade, e do modo como o vento de gelo chega do norte uivando, mas o verdadeiro inimigo é o frio. Aproxima-se em silêncio, mais furtivo do que o Will. A princípio estremece-se e os dentes batem, e bate-se com os pés no chão e sonha-se com vinho aquecido e boas e quentes fogueiras. Ele queima, ah, como queima. Nada queima como o frio. Mas só durante algum tempo. Então, penetra no corpo e começa a enchê-lo, e passado algum tempo já não se tem força suficiente para combatê-lo. É mais fácil limitarmo-nos a nos sentar ou a adormecer. Dizem que não se sente dor alguma perto do fim. Primeiro, fica-se fraco e sonolento, e tudo começa a se desvanecer, e depois é como afundar num mar de leite morno. Como que pacífico. 
— George R. R. Martin, n'A guerra dos tronos

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