terça-feira, 26 de novembro de 2013

Sombras Eternas


A nova aventura da Companhia Negra promete ser ainda mais sombria que a primeira. Após ajudar a Dama a massacrar o movimento rebelde, o grupo de mercenários é encarregado de investigar e destruir um enigmático castelo que se expandiu misteriosamente na cidade de Zimbro. O que eles não imaginam é que no povoado também moram Corvo e Lindinha, dois antigos integrantes do grupo que guardam um poderoso segredo capaz de fortalecer a oposição contra a Dama de maneira decisiva. Agora Chagas, o cronista da Companhia, precisa proteger os antigos amigos e decidir a quem devotará sua lealdade ─ uma escolha que pode alterar os rumos do conflito para sempre.

Pra variar, mais uma capa perfeita ilustrando o segundo livro d'A Companhia Negra. E mais assuntos sombrios nessa fantasia medieval do senhor Glen Cook. Um livro para se ler com violência, de forma rápida, sem massagem. "Ah, vou parar aqui e amanhã eu continuo", sem essa parceiro, o negócio aqui é nervoso e tenso, digere melhor se ler num piscar, o capitulo anterior fresco na memória enquanto entra o novo e o depois deste.

A Companhia Negra ─ que é um exercito de mercenários ─ ainda está à serviço da Dama, e o novo trampo é investigar um misterioso castelo negro que cresce misteriosamente, mais e mais, com o passar dos dias. Obra sobrenatural, é claro. Pior: obra relacionada com o Dominador, o grande inimigo do mundo, a trevas em pessoa; um dos personagens que moveu conflitos no primeiro livro.  Ele esta dormindo eternamente, no além túmulo. Mas sua essência deseja retornar à vida, e o mundo já é ruim o suficiente sem ele. Melhor que A Companhia impeça sua volta então ─ no caso, "enfrentando" o tal do castelo negro. Mas falar é fácil...
 
Ali perto, na cidade de Zimbro, temos Barraco Castanho ─ um homem qualquer, dono de uma hospedaria, enfrentando dívidas monstruosas para manter o lugar. Não há muito clientes, essa é a verdade. É um covarde, sempre inclinado à escorregar para o mais fácil e mais seguro, ainda que não seja o certo. Mas, coitado, tromba com Corvo ─ um de seus principais clientes ─ e isso muda sua vida, se para melhor ou pior, ainda não sei dizer. Suas ações relacionadas ao Corvo e ao castelo são as engrenagens de tudo, o levando a conhecer a Companhia, costurando as pontas soltas do livro e tudo o mais, de modo que não haveria Sombras Eternas sem Barraco Castanho. 
 
E no entanto ele não é o protagonista. O protagonista é Chagas, o médico e historiador da Companhia. E esse é um ponto interessante do Glen Cook: num mundo de magia poderosa que vence qualquer coisa, o protagonista é um mero ser humano mortal como qualquer outro, assim como Barraco e seus dilemas de integridade. Através destes sujeitos, o leitor percebe a mortandade do mundo: num instante você é um homem com sonhos e desejos, com motivações e alegrias; no instante seguinte você é um cadáver entre vários e terá sorte se ao menos lembrarem do seu nome. 

O autor já foi militar. E talvez essa sua experiência particular o inspirou a registrar uma questão interessante: o que, afinal, é o lado bom ou o mal de uma batalha? Podemos encontrar em outras literaturas o mal bem definido e é fácil saber quem é o mocinho. Aqui, a Companhia Negra entra cheque, sem saber de que lado está. A verdade, sugere o autor através das páginas, é que essa dualidade é definida antes e depois da guerra. Pois durante o conflito, ambos os lados são maus, cada qual com seus motivos. E a Companhia se encontra exatamente durante o conflito. 
 
Mas há sempre o personagem pragmático que encerra a discussão com sua fala dura, dizendo que "somos a Companhia Negra. Não somos bons nem maus. Somos apenas soldados com a espada à venda." E fim de papo. 
 
Mas isso é antes dos eventos finais do livro. Eventos que devem perseguir a Companhia pelo restante dos livros da série. Aguardemos. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário