domingo, 17 de novembro de 2013

Rhapsody Of Fire: Dark Wings Of Steel

Acredito que a ausência aumenta a afeição, ao menos na maioria dos casos. A banda Rhapsody Of Fire é um dos casos. Ausente nas minhas audições desde seu último disco, lançado em 2011, quando o líder da banda deixou o grupo. Nessa época houve o susto: "e agora, acabou Rhapsody Of Fire?". Pois era um baita exercício lúdico imaginar Rhapsody sem Luca Turilli e Turilli sem Rhapsody Of Fire. 

Deu que o Turilli fez o seu próprio Rhapsody e o Rhapsody Of Fire seguiu em frente, sim! Até passaram por cá, em sua mais recente turnê mundial. Anunciaram o novo disco, Dark Wings Of Steel. O tempo passou, a coisa saiu. Na minha fúria nostálgica fui ouvir, já digitando essa baboseira toda, as sinfonias enchendo o mundo a volta.

Antes, o informativo básico: Rhapsody Of Fire é uma banda italiana de de Symphonic Power Metal, ou seja, fazem um metal acompanhado de arranjos sinfônicos narrando letras épicas que retratam o melhor da fantasia medieval.

O mais novo combate, digo, disco é definitivo para aumentar a afeição do velho ouvinte. Principalmente pelo fator chamado Fabio Lione ─ o vocalista. Pois Lione é um mutante. Vem se transformando desde o inicio da banda, explorando novos meios de empregar a alma na música que faz através da voz. Quero dizer que o homem melhorou horrores com o passar do tempo. Melhorou principalmente sua capacidade de dramatizar um refrão com pesar, ao mesmo tempo que mantém a costumeira energia de uma batalha em suas cordas vocais. Baita vocalista.


Ao disco: passa o prólogo "Vis Divina" e entra "Rising From Tragic Flames", sem pressa nenhuma, preparando o terreno com as sinfonias e os riffs que lembram o Turilli. De fato, a banda pode sim sobreviver sem o talentoso ex-guitarrista. Mais sinfonia, pausa no meio com baixo ralhando, e os coros antes de finalmente Lione entrar, sua voz seguida de perto pelo violino ligeiro (violino, certo? Santo Nimb, faz tanto tempo que não ouço algo sinfônico que estou perdido nessa cozinha musical!). Aqui cabe um comentário interessante: a banda gravou o disco junto de uma orquestra, buscando a experiência de sons naturais. De inicio não se percebe muita diferença, sendo bem franco. Ainda sobre "Rising", já dá pra ver o que o novo guitarrista sabe, o senhor Roberto De Micheli. Fico grato ao ouvir que o sujeito prefere fazer sua guitarra dar longos gritos na melodia, não seguindo a linha do Turilli que costumava lançar os dedos nas cordas na velocidade do som. Já é uma diferença que veste roupas novas na banda.

"Angel Of Light", uma das melhores. Sete minutos que me lembrou Manowar, ainda não sei por quê. Lione reinando, sempre a vontade cantando coisas épicas. Outra mudança singela: o baterista, não mais um pé nervoso que martela a todo tempo os pedais. Não, não mais. Alex Holzwarth parece ter descoberto que dá pra fazer um bom acompanhamento com menos esforço e velocidade, e que isso as vezes até se sobrepõem aos demais instrumentos. Só agregou qualidade ao todo.


"Tears Of Pain" e "My Sacrifice" mantém a corrida, repetindo o que já foi mostrado até agora. No meio das duas tem "Fly To Crystal Skies" que é um respiro com refrão meloso, subindo um tom perto do final, virando um hino. Mais do mesmo em "Silver Lake Of Tears". E finalmente uma balada grudenta cantada em italiano, "Custode Fi Pace", com dedilhado de algo próximo à um violão e, em segundo plano, o vibrato dos instrumentos de cordas da orquestra; boa, muito boa.

"A Tale O Magic" é a melhor, ao menos de primeira ouvida. A faixa título tem refrão forte, coros e coisa e tal, clima sombrio, tenso; é a canção para imaginar uma cena de fantasia medieval sombria, o dragão da capa figurando, rasgando os céus num rasante de morte. O disco poderia terminar aqui, já estaria de bom tamanho. Mas ainda coube "Sad Mystic Moon" que tem um refrão de dar arrepios!      


Neste ano de 2013 este é um dos poucos álbuns que curti de cabo a rabo, de rabo a cabo. A ausência aumentou a afeição e o disco é ótimo, simples assim. Além de qualquer expectativa, um dos melhores da banda. Vida longa ao rei, pois o melhor do metal sinfônico mantém a coroa da criatividade, sem sinais de que um dia a deixará cair em outras mãos. Pelos dentes de Tehlu, vou ouvir tudo de novo!

Repertório: 
1. Vis Divina
2. Rising From Tragic Flames
3. Angel Of Light
4. Tears Of Pain
5. Fly To Crystal Skies
6. My Sacrifice
7. Silver Lake Of Tears
8. Custode Di Pace
9. A Tale Of Magic
10. Dark Wings Of Steel
11. Sad Mystic Moon

Um comentário:

  1. Fico feliz com o retorno destes grande bardos. Em minha opinião, eles ainda não conseguiram chegar ao nível lendário que tinham no início da década de 90, mas ainda assim, este é sem dúvida um bom trabalho.

    Tinha muito medo que eles caíssem em desgraça após terminar seus trabalhos no antigo cenário que utilizavam para criar histórias e melodias, mas felizmente, isto não aconteceu.

    Grato pela boa notícia, amigo Torinks!

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