sábado, 8 de junho de 2013

Ubik

UBIK é uma irreverente história sobre a morte e a salvação escrita pelo consagrado escritor americano Philip K Dick. Foi eleito em 2005 pela revista TIME, um dos cem melhores romances de língua inglesa, publicados a partir de 1923. Em uma sociedade futurista, Glen Runciter é dono de uma empresa responsável por rastrear psis, indivíduos com habilidades especiais, como telepatas e precogs. Ele e seus funcionários caem na armadilha de uma empresa rival, e Runciter morre. Seus funcionários passam a receber estranhas mensagens de Runciter em moedas e embalagens de cigarro. O tempo começa a retroceder e eles terão que lutar contra a degeneração física e mental. A solução pode estar no spray Ubik, mas conforme a trama se desenvolve, menos fica claro quem realmente precisa ser salvo.


Livro escrito em 1969, trata de um futuro (1990) em que os mortos não estão completamente mortos. Desenvolveu-se um dispositivo capaz de manter a consciência da pessoa, de modo que entes queridos podem se comunicar com o morto, como se fizessem um telefonema. O estado dessas pessoas é chamado de meia-vida. Seus corpos ficam em um caixão de gelo que preserva não somente o corpo mas o cérebro, permitindo atividade cerebral para a comunicação. Mas, com o tempo, essa atividade cerebral vai se “envelhecendo” e um dia, fatalmente, aquele que esta em meia-vida morre de vez. Mas mesmo assim, é um mecanismo e tanto.

Nessa mesma sociedade, existem pessoas com capacidades mentais além do normal. Telepatas, manipuladores do tempo, manipuladores do espaço; são chamados de precog. E esses super seres são, em muitos casos, funcionários de empresas diversas. Então eu, dono da empresa x, tenho o meu funcionário precog e o serviço que dou à ele é se infiltrar numa empresa rival e, com suas habilidades, descobrir planos econômicos e administrativos do lugar. Depois ele retorna à mim com um relatório e eu já mando ele para outra empresa, e aos poucos vou passando a perna em rivais de mercado, por ter informações confidências de cada. Esses precogs podem pertecer à uma empresa especifica que fornece precogs à outras empresas. Confuso? Espera, vem mais.

E, em contra partida, existem os inerciais: precogs que anulam habilidades mentais. O talento deles é impedir o talento de telepatas e cia, basta estarem próximos e pronto: o precog que lê mentes ou altera a realidade se torna uma pessoa comum. Inerciais são contratados por empresas para que estas se defendam do exemplo no paragrafo acima, para que se defendam de precogs infiltrados vindos de empresas rivais.

E ai entra os protagonistas de UBIK: fazem parte de uma equipe de prudência que fornecem esses “seguranças” para as empresas.

Mas, numa jornada de trabalho, algo dá errado. Uma armadilha para a equipe de 10 inerciais, liderada por Glen Runciter. E este vem a morrer. Então, a responsabilidade do grupo passa para Joe Chip, um especialista em localizar e medir as forças de precogs. Mas antes que ele possa investigar melhor o atentado, coisas estranhas começam a acontecer.

Runciter está morto, mas não conseguem reanimar sua consciência, para que haja a comunicação dele em meia-vida. Mas, estranhamente ele passa a se comunicar com o grupo de inerciais, através de mensagens aleatórias, confusas, inexplicáveis: vai desde um comercial de TV, com Runciter aparecendo e falando diretamente com eles, à mensagens numa caixa de cigarro. Até o instante bizarro que Joe se depara com uma pichação dizendo que eles estão mortos, e não Runciter. Mas como? Todos viram Runciter morto, viram o enterro dele. Como que Runciter estaria vivo, e eles... mortos? Joe Chip, em meio à busca das respostas, assisti o mundo a volta se desfazer, como se fosse um sonho: o tempo começa a regredir, aparentemente por influência dele e dos inerciais; e algumas coisas começam a se desfazer, como se estivessem velhas demais. Exemplos: o dinheiro na carteira deles regride para um modelo fora de circulação, os cigarros de Joe se desfazem (somente quando ele pensa em tragar um) como se estivessem velhos demais, as compras que fazem em um supermercado se tornam itens vencidos ou quebrados ou simplesmente obsoletos. O que realmente está acontecendo? E pra piorar, um a um, os inerciais vão ficando cansados, como se estivessem velhos demais e precisassem de repouso e quando param pra recuperar o folego... morrem, definham, se tornam cadáveres em avançado estágio de decomposição ─ como se estivessem mortos há muito tempo...

Uma solução surge ─ o tal de Ubik. E neste ponto, Joe já entendeu o que realmente está acontecendo com eles, com Runciter, com a realidade à volta.

UBIK trata-se de uma ficção cientifica que apresenta com ênfase questões como “o que é real?” e “como sei que estou vivo?”, que são temas característicos do autor. Ao fim, Philip K. Dick soube ser maldoso, soube deixar a estória em aberto, com aquela frase de “esse é só o começo”, que deixa o leitor com uma expressão de “como assim?”. Até o momento, é o melhor livro que li do autor (não que tenha sido muitos) e o melhor que li no gênero ficção cientifica (idem). Vale a pena.

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