domingo, 21 de abril de 2013

Spartacus: e a guerra acabou!


“Cadê as intrigas de outrora? Cadê os combates singulares de tempos passados?”, foi o que eu comentei com um colega que também acompanha a série, semanas atrás, quando eu colocava em dia episódios atrasados. Confesso que logo quando inicie a 3ª e última temporada de Spartacus, eu logo senti a ausência de muita gente bacana que morreu nas temporadas passadas, personagens que agregavam ao todo uma pitada de intrigas ferozes. E também confesso que vendo a nova atmosfera da série ─ em que não há mais lutas em arenas e sim em massa, batalhas campais ─ bateu uma saudade dos tempos em que os gladiadores ainda eram gladiadores simplistas e não mais soldados contra Roma. E além da falta de intrigas e dos combates de um contra um, há um apelo monstruoso em duas coisas que sempre foram presentes, mas que nesta temporada extrapolam: erotismo e violência.

Traçando um paralelo com a 1ª temporada (aquela que, sem sombra de dúvidas, apresentou o melhor conjunto de episódios), observamos que o erotismo, no inicio da série, era algo com extremo embasamento cultural: escravas nuas no fundo da tela; senhores abusando de seus escravos tal como a lei permite; exibições exóticas em salões de festa ou até mesmo rituais de fertilidade. Tudo, por mais explicito que fosse, explicava a realidade de uma época em que o corpo era objeto de luxo. Pegando a 3ª temporada, há, sim, algumas cenas que explicam relações proibidas entre senhor e escravo, mas, no geral, o erotismo cai no erro da repetição gratuita que em nada acrescenta. Parece ser apenas uma divulgação dos autores e seus recursos...

Já sobre a violência, é impressionante a quantidade de sangue que jorra dos 10 episódios. Voa até no telespectador. Parece filme do Tarantino. Por exemplo, quando um escravo está sendo apedrejado; cena pra lá de escrota. E os efeitos especiais de quando um crânio é aberto ou o as tripas saindo de uma barriga depois de um corte profundo de espada, são, em maioria, bem econômicos. Ou seja: mal feitos. Lá na primeira temporada houve efeitos estranhos, verdade, mas houve cenas bem feitas também; houve gargantas cortadas de forma bem realista e bem captada pela lente da câmera. Bem, entendo que a quantidade de sangue e violência é uma boa maneira de representar como eram as lutas e suas as mortes sujas, mas mesmo assim, é cansativo em muitos tempos.

E outra coisa muito irritante nesta temporada é o raio do slow motion. É quando a pancadaria tá comendo solta e antes de um personagem importante golpear ou se movimentar ou fazer qualquer outra coisa em meio o combate, a cena congela, começa a andar em câmera lenta, dando ênfase no golpe que virá no próximo segundo e aos músculos do autor se retesando e as feições mudando conforme ele grita com o desfecho da porrada. Por Júpiter, que coisa chata de se ver! Ô saudades de quando as lutas na arena eram ligeiras e empolgantes...

Mas, embora esses detalhes que me deram coceira, serei franco: curti esse final de série. Esses personagens históricos que lutam contra uma autoridade opressora são simplesmente inspiradores. Fãs de Coração Valente que o digam. E tal como Willian Wallace, Spartacus foi um representante da liberdade. Foi o homem que chamou pra si a responsabilidade de derrubar um sistema que escravizava as pessoas. Foi o homem com o lema de que todos nascem livres. Foi homem que inspirou grandes números para sua causa, conseguindo encarar Roma e suas legiões de igual pra igual. O soldado trácio que virou gladiador que virou rebelde que virou símbolo e que virou lenda. Hoje, seu nome permanece vitorioso, pois o tempo não foi capaz de apagá-lo. E isso é louvável em uma produção de TV: o fato de trazer à memória popular um líder que marcou a História, como Spartacus.

Um ponto forte da série, e que permaneceu em alta em todas as temporadas, são os diálogos. Vai de exageradas bravatas a profundas confissões de amor. Discursos cultos à xingamentos inimagináveis. Força de expressão à vício de linguagem. Perfeito!

Outro ponto bacana é o som proporcional: o som de dois personagens conversando baixo em uma taverna é uma coisa; o som de soldados se chocando no campo de batalha é outra. E essa oscilação no som traz o fator surpresa, quando um combate explode do nada: pois a coisa andava normalmente, som-ambiente, e quando começa a gritaria e os baques o telespectador pula na poltrona e vai abaixar um pouco o som para não acordar o familiar que dorme no cômodo ao lado.

Gostei de como aceleraram as batalhas, lá nas bordas do episódio 8, recontando a confrontos históricos de forma rápida e se fixando no mais importante: a última batalha de Crixus e a conclusão do confronto entre Spartacus e Crassus, de Roma. Inclusive, grande confronto entre os dois personagens; talvez a única luta singular realmente bem feita na 3ª temporada. E foi um belo final. Épico, do tipo que fica na memória por um longo tempo. Até os créditos acertaram um bom tiro, mostrando todo elenco que passou pelas 3 temporadas e com direito à uma rápida cena do antigo ator, Andy Whitfield, vitíma de câncer em 2011.

Foram 3 anos de grande entretenimento e aula de história. Boa série, do tipo que anseio ver de novo. E digo: Vale a pena, mas só se você tiver estômago forte.



2 comentários:

  1. Legal cara!!! Não vi a 3ª ainda e vc me deixou com mais vontade ainda de ve-la!!!!
    Só um toque cara, gosto muito do blog, mas vc podia mudar a fonte pra arial, essa times é muito ruim de ler com fundo preto...
    Abraço!!!

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    1. o/

      Sobre a fonte, já faz um tempo que tenho notado isso: em alguns navegadores ela sai como times, em outros, como merriweather (acho)... E faz tempo também que estava pensando em mudar para um fundo branco... Mas a preguiça sempre fala mais alto e eu não faço nada para resolver o problema.

      Valeu pelo toque, já vou largar mão da minha preguiça.

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