quarta-feira, 13 de março de 2013

O Rebelde


Algumas horas antes do amanhecer do dia 24 de agosto de 1305, na prisão de Smithfield em Londres, o fora da lei Willian Wallace, prestes a ser executado, recebe a visita de um padre escocês para ouvir sua última confissão ─ a declaração de uma vida emocionante, violenta e surpreendente.
Nesse relato, Willian Wallace apresenta suas várias faces ─ como fora da lei e fugitivo, herói e patriota, rebelde e lenda. Ele foi mais que um guerreiro. Toda sua coragem, bravura e perseverança, assim como seus ideais e seu patriotismo o levaram a abandonar as pessoas que amava para salvar seu país. Ele lutou pela união, paz e prosperidade da Escócia até se tornar prisioneiro, entregue pelo seu próprio povo.

Willian Wallace foi a primeira figura heroica das guerras da Independência da Escócia e traz vida para a trilogia de Jack Whyte, seguido por dois compatriotas: Robert Bruce ─ o rei escocês e o verdadeiro Coração Valente ─ e Sir James Douglas, que carregou o coração de Bruce em um recipiente de chumbo em direção à Terra Santa.

O comportamento desses três guerreiros, suas atitudes lendárias e narrativas de fuga, empenho, honra e selvageria medieval formam a alma e o conteúdo de um romance épico sobre homens dispostos a tudo para colocar novamente de pé um país ajoelhado.
Fã do personagem do jeito que sou ─ graças ao épico Coração Valente, do Mel Gibson, que imortalizou Willian Wallace no imaginário popular ─ eu, obviamente, pirei quando soube de um romance histórico inspirado no herói escocês.

Na véspera do lançamento houve a questão se o filme foi inspirado no livro, ou vice-versa; mas não: O Rebelde, livro do autor Jack Whyte (veja bem, não é o músico!), é uma ficção nova acerca da Escócia na virada do século 12, em que Wallace foi herói, bárbaro, rebelde e patriota. E nem poderia ter alguma ligação com Coração Valente: O livro foi lançado no estrangeiro há alguns anos, ou seja, quase duas décadas depois do filme... E, como disse, é um registro novo que conserva rasa semelhança com o filme, sendo bem diferente do mostrado na sétima arte.

Mas, para quem viu e entendeu o filme, O Rebelde é como a casa de um parente querido. Esse parente é o próprio Jack Whyte, que te atende, sorri e fala “bem-vindo, sinta-se em casa”, e vai um aperto de mão ou um tapinha nas costas, depois ele indica o sofá e oferece uma bebida. Digo isso porque mesmo sendo uma trama diferente, o livro traz situações familiares que completam as informações do filme. Logo, o leitor sente-se intimo dos eventos, como se estivesse descobrindo um pouco mais de algo que já conhece bem.

Por exemplo: a infância de Willian Wallace. O livro queima as primeiras 100 páginas (de suas 400) contando a infância do sujeito. A morte de sua família e vizinhança pelas mãos de malfeitores ingleses; a convivência com o tio e o aprendizado de outros idiomas; o treino com o arco longo e a vocação para ser um combatente. Mais pra frente, saindo da infância, ele descobre o amor. Depois, com um bom senso político, ele se mostra alguém inspirador, uma voz que atinge o ego e o caráter dos homens, os convertendo à sua causa. E aos poucos a imagem deixada pelo Gibson liderando homens vai se formando nas páginas do livro.

A visão do personagem e do mundo a volta é dada por Jamie Wallace, primo de Willian e narrador da coisa toda. O livro começa com Willian sendo executado e Jamie, anos depois e já na velhice, resolve escrever sobre o primo e a trajetória do mesmo.

Embora o texto do Whyte seja bom, a forma como ele conduz os acontecimentos oscila muito: ora com trechos empolgantes, ora sonolento e arrastado. É como se o autor deixasse claro que a vida de Willian Wallace não era só pancadaria, e o livro acaba recheado de momentos calmos de uma vida simples, com situações prosaicas que não levam a nada ou acrescentam pouco no geral. Os personagens coadjuvantes também são afetados: muitos são dispensáveis e muitos aparecem em diálogos cansativos, numa linguagem culta em que falam tantas coisas para dizer pouco, e esses trechos logo somem da memória de quem lê, de tão enfadonhos.

Um dos pontos fortes do livro é entender a situação em que a Escócia se encontra. No filme, por exemplo, a impressão que se tem é que a Escócia é colônia da Inglaterra. Um quintal fértil que os ingleses pegaram pra si. Pois bem, n’O Rebelde a explicação dessa situação é bem detalhada: O rei escocês morreu e o parente que deveria tomar o trono também bateu as botas. Daí surgiu a sombra de uma guerra civil, por causa de duas famílias nobres que iriam brigar pelo poder. E então entra o rei inglês como juiz neutro dessa eleição, e também para impedir conflitos entre os escoceses. Na verdade, claro, o inglês estava se envolvendo em assuntos alheios com segundas intenções. Um suborno aqui e outro ali e pronto: um rei escocês dentre as duas famílias foi estabelecido. Era, na verdade, uma marionete dos ingleses que acreditava estar reinando pelas próprias mãos. Tolo. Aí sim, os ingleses começaram a se estabelecer nas terras vizinhas, e quando os escoceses acordaram pra cuspir os ingleses já estavam dominando geral, com exércitos espalhados por quase todo o território.

Acompanhar essa “posse”, juntamente com os primeiros movimentos de Willian Wallace para expulsar os ingleses, é um bom atributo do livro (talvez mais interessante para quem gosta de história). Fora isso, é um livro cansativo, de modo a testar a paciência e o interesse do leitor. Resumindo: é um livro para o fã interessado em ver sob um novo ângulo a história de Willian Wallace. Outro tipo de público simplesmente abandonaria a leitura...

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Colega, eu fiquei namorando o livro por um bom tempo no submarino, nessa, teve um dia que baixou o preço pra 20 Dilmas, daí fiz a compra. Hoje subiu pra 29. Varia muito; as promoções são bem imprevisiveis.

      Olha ai: http://www.submarino.com.br/produto/111696901/livro-o-rebelde

      Acho que o preço do submarino é o mais bacana, mas talvez você ache algo na mesma faixa nas Lojas Americas ou nas Casas Bahia. Tem que peneirar por ai.

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