sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Herdeiros de Atlântida


Eduardo Spohr viu que dava pra fazer mais coisa com o universo criado em seu primeiro livro, A Batalha do Apocalipse. Resolveu que ia explorar mais detalhadamente a história da humanidade com os anjos como protagonistas, vivendo suas próprias tramas. E nasceu Filhos do Éden, uma saga iniciada com Herdeiros da Atlântida e que promete mais um punhado de livros para o futuro.

E aqui deixo o meu rápido comentário sobre esse Herdeiros de Atlântida.

A primeira coisa que se percebe, vindo da leitura d’A Batalha do Apocalipse, é que o texto do Spohr melhorou toneladas. Ele consegue uma narração mais objetiva sem perder suas descrições de fácil entendimento que permite, por exemplo, uma criança ler e compreender perfeitamente. A estrutura, a forma como ele conduz a estória, também evoluiu. Pois aqui ele trata somente de uma jornada (ao contrário d’A Batalha que compila uma pancada de eventos), fato que facilita o trabalho de acompanhar a coisa toda, sem se perder nos acontecimentos, sem esquecer alcunhas e nomes.

E por falar em nomes: meu senso crítico gritou de susto em relação à politica de nomes. Rachel, por exemplo. Um nome estrangeiro, certo? Pois bem, é o nome de uma personagem importante na trama que, veja bem, reside no Rio de Janeiro, e se chama Rachel (ao invés de Raquel) e namora um rapaz chamado Hector e que visitou um psiquiatra da faculdade chamado Leon... Sei lá, é bem óbvio que os personagens são brasileiros embora o autor não especifique, e fico a pensar: qual é o mal em usar nomes brasileiros? Fiquei meio cabreiro com isso, mas não passa de uma bobagem minha, nada que influencie na qualidade do livro. Mas Spohr se redime: em certa parte os personagens principais cruzam a Amazônia, e lá temos umas citações que lembram um personagem do folclore brasileiro. Muito bacana.

O estudo do autor nos assuntos místicos é um grande destaque. Por todo livro temos explicações esotéricas, como, por exemplo, a diferença de vórtice e vértice ou ainda os tantos planos ─ astral, etério, das sombras, dos sonhos. E são esses detalhes que dão um toque de diferenciação, são eles que dão autenticidade ao universo criado.

Sobre a trama, que ocorre em um paralelo à guerra civil entre as legiões dos arcanjos Gabriel e Miguel, temos a saga à parte da ishim (celestial elementar) Kaira, arconte (um tipo de subordinado honroso) do arcanjo Gabriel. Outrora tivera uma missão secreta na Terra, mas a perda súbita da memória a desviou dos assuntos celestes, e Kaira passou a viver como humana, sem desconfiar de sua real identidade. A primeira parte do livro é essa: Kaira redescobrindo seu passado, com ajuda de outros dois anjos enviados de Gabriel. Depois, um plano macro dos inimigos ─ no caso, anjos do Miguel ─ é revelado, e entendemos toda uma conspiração que daria fortes vantagens à Miguel na guerra entre os arcanjos. Kaira, em sua missão, descobrira esse plano, e por isso fora silenciada, teve sua memória apagada e seus poderes reduzidos. Recuperada, corre na tentativa de impedir o plano inimigo, dando numa esquecida passagem mítica, uma sombra do que fora o império da Atlântida, antes que esta fosse destruída no dilúvio.

Tudo isso envolta de boas descrições de lugares e, como disse, experiências esotéricas. O livro termina, mas deixa no ar algumas pontas soltas, lembrando a todos de que sim, terá uma continuação, ainda que não seja diretamente com os mesmos personagens. Talvez até cruze algumas coisas com os acontecimentos d’A Batalha, mas sem exigir totalmente a leitura deste para entender o que acontece. Herdeiros do Éden é um livro completo. É um livro típico para quem curte uma boa aventura heróica, mas numa atmosfera inovadora que concilia tudo que o homem já estipulou sobre a vida, a morte, a criação, os anjos e Deus.

2 comentários:

  1. Oi, Torinks, beleza?

    Primeiramente, muitíssimo obrigado pela resenha. Adorei :-)

    Quantos aos nomes, tento sempre usar suas versões originais. O nome "Rachel" tem raiz hebraica e "Hector", grega.

    Mas não tenho absolutamente nada contra a cultura brasileira, pelo contrário, tanto é que este é o primeiro livro que eu exploro (como vc bem colocou) figuras do folclore nacional (no trecho em que eles vão para a Amazônia).

    Respondendo à sua pergunta, sim, as tramas de FdE e ABdA se cruzarão mais para frente. O próximo livro é FDE- Anjos da Morte. Quero tentar lançar em abril.

    Parabéns pelo blog, muito bacana mesmo. E qualquer coisa estou por aqui. Forte abraco!!

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    1. O.o

      Ai está algo que não acontece todo dia: Receber um feedback do proprio autor. Valeu pela grande presença!

      Até fiquei constrangido agora, sobre os nomes. Não que eu ache que vc tenha algo contra a cultura brasileira, mas é algo que vejo muito: uma supervalorização do estrangeiro, e isso às vezes me deixa cabreiro. Acabei descontando nos nomes. Mas, como disse, é apenas uma observação negativa de fã chato. Besteira.

      No aguardo do Anjos da Morte. O Primeiro Anjo é um personagem que estou curioso para entender, assim como a rotina do 3º Céu.

      Obrigado de novo!

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