domingo, 15 de julho de 2012

Clube da Luta


Devo ter cuidado agora. Estou prestes a quebrar as duas primeiras regras desse Clube.

Este é o primeiro livro do autor Chuck Palahniuk, escrito em 1996. De lá pra cá foram inúmeras referências e homenagens prestadas à obra, dentre elas, a mais ilustre: dirigida por David Fincher, contando com os atores Brad Pitt e Edward Norton. Um filme que arrebatou mentes. Tudo inspirado na obra escrita que espantou e converteu a ultima geração.

Os lotes do Clube da Luta estavam esgotados há algum tempo, então a editora Leya correu e anunciou uma nova edição, dando chances para quem não leu. Não pensei duas vezes. Terminei meu compromisso com George R. R. Martin e fui sentar no divã, pra conversar com o senhor Palahniuk. Fã, somente por ler alguns contos dele, finalmente entrava em contato com um livro completo do autor. E enfim pude conferir a origem de um dos filmes que mais me impressionou. O resultado foi satisfatório, óbvio. Já tendo uma boa disposição sobre a trama, bastava somente digerir a narração e relembrar algumas coisas.

O texto do Palahniuk é rápido e solto. Aqui temos um protagonista com uma vida conturbada, refletindo sua condição psicológica diretamente na narração, que é em 1ª pessoa. Ora as coisas são bem descritas, ora não; depende muito do estado de espírito do narrador ─ ele tem o poder, incitando o leitor a imaginar o que não está no papel. Os parágrafos nem sempre seguem de forma linear, antes, se confundem em pensamentos e falas, lembranças de coisas e observações do presente instante. É como alguém que conta uma longa história sem saber por onde começar, misturando os fatos, fazendo um emaranhado de citações, tentando ligar uma coisa com a outra e esperando que seu ouvinte entenda tudo naturalmente. Por isso que o texto é rápido, e se o leitor piscar é capaz de perder a linha de raciocínio.

Eu lembro de um amigo que assistiu o filme pela primeira vez e me disse, horrorizado: “Mas que droga, era pra ser um filme de luta!” Pois bem, esse é o charme de Chuck Palahniuk: monta um cenário, intitula uma situação, vai convencendo o público e depois vira a mesa com brutalidade, mostrando que seu objetivo é outro. Pois somente três coisas move esse autor: Ideologias, ideologias e ideologias. O resto é pra prender o publico, marketing puro, algo que ele ironiza e não deve achar importante, mas que utiliza porque deixa o texto bonito. Então, temos um clube onde homens lutam todas as noites. Quando alguém diz “pare ou fica desacordado, mesmo que estaja fingindo, a luta acaba. São apenas duas pessoas por luta. Uma luta por vez. Sem camisa e sem sapatos. E as lutas duram o quanto tiverem que durar.

Ora, tudo isso chama atenção, mas não é o verdadeiro foco! O verdadeiro foco é um tiro de escopeta na sociedade capitalista, nos métodos empresarias e em outras coisas que não me recordo agora. Ele critica tudo, através de um personagem açoitado pela sociedade em que vive. E esse seu estilo, até onde sei, perdura na maioria de seus livros: personagens problemáticos, consumo, sistemas hierárquicos, corrupção. É o tipo de assunto que Palahniuk aborda e faz seu leitor pensar e pensar. Clube da Luta é inspirado em nossa realidade, fato que o torna quase um livro de opinião. Pode ser um veneno para alguns, ou um ponto de vista brilhante para outros. Mas, de uma forma ou de outra, digo que vale a pena entrar em contato com este Clube. Eu não dei muitos detalhes por aqui, mas Tyler Durden, o cara que idealizou tudo, irá lhe receber muito bem. Mas cuidado: Ele não permite que fale sobre o clube da luta. E se for sua primeira vez no clube da luta, você tem que lutar...

É como diz a assinatura no verso do livro:
“Este brilhante niilismo tem êxito em pontos que tantos outros romances que se descrevem como transgressores não conseguem: é perigoso, porque é muito atraente.”
Kirkus Reviews

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