quinta-feira, 17 de maio de 2012

Como assim você não conhece Jarkko Ahola?

É comum. Acontece muito com alguns músicos, ainda mais se for do gênero metal. Jarkko Ahola não é exceção: é pouco conhecido no mundo. Já em seu país Ahola é quase um rei, provavelmente em razão das altas tiragens dos álbuns de sua banda, Teräsbetoni, que conseguiu posições top no rank de vendas do país. O projeto Northern Kings também foi outra forma de se fazer conhecido. E agora, o vocalista invoca suas raízes musicais, dobrando-se por cima daquilo que lhe inspirava em anos passados até conseguir forjar um moderno álbum de rock que soa absurdamente clássico e familiar aos ouvidos de qualquer um das antigas.

O disco atende por Stoneface. Possui quinze faixas e, ao todo, pouco mais de setenta minutos de duração. É um álbum para se ouvir sem medo, graças ao seu repertório agradável e fácil de assimilar. E, aos meus ouvidos, contém uma das melhores canções do ano até o momento, a chamada Restless.

E como estou em dias de inspiração zerada, principalmente para analisar um disco bom como este, prefiro deixar aqui um relato no lugar de minhas próprias palavras. Trata-se de uma resenha feita no blog J. Ahola Brasil, com qual dei de cara no puro acaso, e que concordo em gênero, número e grau com tudo dito. Fica também a dica de um espaço brasileiro que segue os passos do Ahola, ótimo pra saber mais sobre o músico.

Segue o texto:
O álbum abre com a faixa "DonWana", uma escolha acertada. É uma música rápida, pesada e com refrão pegajoso, no bom sentido, e você acaba cantando junto antes mesmo de terminar de ouvir a primeira vez.

A segunda faixa, "Beerland" é uma intro instrumental, produzida como se fosse de um toca-discos antigo. Logo em seguida vem "As Long As I Live (Rock'n'Roll Is Not Dead)". Na minha humilde opinião, é uma das mais fracas do álbum, mas mantém a energia, rápida e com um ótimo solo rock n' roll de Antti Karhumaa.

Em "Hurricane", temos novamente o refrão que não sai da cabeça e te convida para cantar junto. Os riffs também são marcantes e os backing vocals foram bem trabalhados.

"Restless" é uma balada fantástica, é a minha favorita, para mim é a melhor música do álbum. O riff é genial, a interpretação de J. é excepcional, especialmente nas partes mais lentas e graves, e o refrão é de arrepiar. Me conquistou desde a primeira vez que a ouvi.

"The Spell" é uma música pesada, dark. Também é um destaque do álbum na minha opinião. Os riffs são matadores. Mas o trechinho no final, a capela e com um coro como backing vocals, podia ser cortado.

"I Walk Alone" é uma balada muito bonita, onde J. mostra sua habilidade em criar linhas vocais. A entrada para o refrão, "Where I wonder, here I ponder..." é poderosa.

"We Want Out", outro destaque do disco, possui um riff marcante e uma linha de baixo forte. O refrão tem muita força e essa é uma daquelas músicas que você escuta de novo e de novo sem cansar. A letra é daquelas que a gente se identifica, seja qual for nossa situação: nós temos o que precisamos para vencer, nos liberte. Quem nunca se sentiu preso em um trabalho sem sentido? Ou em relacionamento sem futuro? Ou preso em uma situação sem sentido?

"Eat me Alive" é uma música rápida e com clima Motörhead, como o próprio J. disse em um dos vídeos que fez sobre as gravações, mas tem um quê mais melódico.

"Living the Dream" tem uma pegada muito legal, e novamente o Antti Karhumaa mostra sua personalidade nos riffs.

"Stoneface" é uma música bastante diferente. Ela tem uma pegada bem única, e as pessoas vão amar ou odiar. Eu amei! Outro super destaque. A batera e o baixo chamam a atenção, com um balanço todo único. A interpretação do J. é quase uma conversa, e a impressão que passa, até pela letra, é que é uma mensagem bem clara para alguém.

"I Want You" é uma músicas toda animadinha que dá vontade de dançar, por estranho que pareça. As meninas que lerem a letra desta vão adorar - o J. canta que não quer só um rostinho bonito, ele quer você! Não sei quem é a sortuda em que ele estava pensando, mas todas as meninas vão pensar a mesma coisa depois dessa música: "eu tenho chance!". Mas falando sério, esta música também tem uma pegada diferente, especialmente a batera.

"Does it Matter What I Wear" é uma daquelas que eu particularmente acho que ficaria melhor sem os backing vocals da maneira como são. Não tira o mérito da música, mas... e poderiam deixar mais espaço para o solo de Antti Karhumaa - você termina a música querendo mais.

"Hurt You" é uma balada com um quezinho de bossa-nova (pelo menos para os meus ouvidos). É bonita, mas não é das minhas favoritas.

"Cold'n'Lonely" fecha o disco com uma explosão de energia depois da baladinha. Discute como o mundo de hoje está vazio, cheio de pessoas supérfluas. Com batida forte, pegada pesada, é interessante. O final ficou meio estranho e parece até outra música, mas vale pelo solo do Antti.

No todo, o J. dá um show de interpretação, mostrando toda a sua versatilidade. As notas absurdamente altas estão presentes, é claro, mas vemos muitos graves, momentos de força e momentos de sensibilidade. Ele mostra todas as suas facetas. Os demais músicos são excepcionais, e isso fica bem claro no álbum. Mas Antti Karhumaa se destacou, com seus solos e domínio sem igual da guitarra.
No geral, a influência setentista de J. é palpável. Mesmo assim, o CD é relevante, pois hoje em dia poucas são as bandas de heavy rock que conseguem produzir boas músicas com simplicidade. Não tem milhares de efeitos, metais, orquestras ou instrumentos diferentes. É direto: batera, baixo, duas guitarras e um vocal poderoso. A mixagem do álbum em geral foi bem equilibrada, dá para ouvir todos os instrumentos, sem esconder os graves, como muitas vezes acontece. Ainda assim, o álbum podia ter sido um pouco menos produzido. Em algumas partes senti que os backing vocals atrapalhavam mais do que ajudavam, e algumas demos que o J. Ahola disponibilizou tinham uma energia crua que funcionava melhor. Ainda assim, o resultado final é ótimo.

Aqui, a postagem na integra.

Repertório: 1. DonWana; 2. Beerland; 3. As Long As I Live; 4. Hurricane; 5. Restless;
6. The Spell; 7. I Walk Alone; 8. We Want Out; 9. Eat Me Alive; 10. Livin’ The Dream;
11. Stoneface; 12. I Want You; 13. Does It Matter What I Wear; 14. Hurt You; 15. Cold’n’Lonely.

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